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28 de Fevereiro de 2025

UFRN busca patentear tecnologia para procedimentos na área ginecológica

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Wilson Galvão – AGIR/UFRN

Entre 2022 e 2023, as inserções de DIU em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) dobraram, passando de 30 mil para 60 mil. Em toda a rede do SUS, incluindo ambulatórios, policlínicas e hospitais, as inserções chegaram a 164,4 mil, um aumento de 43,6% em relação a 2022. Esses números destacam o impacto potencial de uma nova ferramenta educacional criado na UFRN. Trata-se de um simulador de baixo custo, desenvolvido para treinar futuros médicos em procedimentos ginecológicos, como exame especular do colo uterino, histerometria (medida do útero) e inserção de DIU. Além de ser mais acessível que os modelos comerciais, o simulador tem como objetivo melhorar a formação dos estudantes na área da medicina.

Professor da Escola Multicampi de Ciências Médicas (EMCM) da UFRN, Raphael Raniere de Oliveira Costa é um dos inventores envolvidos na iniciativa. Ele coordenou o projeto, orientou o desenvolvimento das atividades de iniciação científica e contribuiu em todas as fases da pesquisa. Especialista em simulação clínica, Raphael é um entusiasta no assunto.

Patenteamento é indicativo de alto potencial de comunidade acadêmica da Escola Multicampi

“A prática de exame especular, histerometria e inserção de DIU exige atenção redobrada, pois sua execução adequada é crucial para a segurança do paciente. Apesar dos avanços nos cuidados assistenciais, ainda existem altas taxas de erros e desafios na implementação de estratégias para garantir a segurança durante esses procedimentos. A utilização de simuladores pode ser uma resposta eficaz para mitigar esses problemas, proporcionando um ambiente seguro de aprendizagem e aperfeiçoamento das habilidades necessárias para a realização desses exames, impactando diretamente na qualidade do atendimento ginecológico e obstétrico”, explica o docente.

Os simuladores de baixo custo são uma tecnologia acessível para simulação clínica, produzidos com materiais alternativos e sustentáveis, de fácil montagem e reprodutibilidade, podendo apresentar diferentes níveis tecnológicos. O protótipo desenvolvido pelos inventores utiliza, por exemplo, um sistema de acerto e erro. Outro cientista envolvido na descoberta é o professor George Dantas de Azevedo, especialista em Ginecologia e Obstetrícia. Ele identifica que, atualmente, o grupo está na fase de compilação dos dados da validação do simulador, além de trabalhar na redação de um artigo científico que documenta todo o processo.

Disciplina que gerou simulador tem foco na criação de protótipos de baixo custo

“Este simulador oferece uma solução inovadora ao permitir a prática simultânea de exame especular, histerometria e inserção de DIU. A ferramenta também fornece feedback sonoro e luminoso, indicando o contato do histerômetro e do DIU na região do fundo uterino, o que facilita a aprendizagem. Desenvolvido com materiais acessíveis, o dispositivo contribui para a disseminação da simulação clínica como método pedagógico, ampliando o acesso ao ensino prático em saúde”, destaca o também diretor da EMCM.

Além dos dois professores, a invenção contou com a participação dos pesquisadores Beatriz Emanuele Sousa Macedo, Pedro Fellippe Pereira da Silva, Jayro Jorge Dantas Gomes, Rebeca Jerônimo de Aquino Silva, Klécio Fabiano da Silva Feitosa e Marcos Eduardo dos Santos Targino. O depósito do pedido de patente ocorreu no mês de janeiro e levou o nome de Simulador para o treinamento de exame especular, histerometria e inserção de DIU.

Simuladores: comparação

Raphael Costa compara que os simuladores existentes no mercado possuem altos custos e, muitas vezes, não oferecem a flexibilidade de praticar múltiplos procedimentos em um único modelo. Ele explica que o novo simulador, de baixo custo e fácil reprodutibilidade, oferece uma oportunidade de ampliar a experiência prática de estudantes e profissionais de saúde, superando as limitações econômicas das instituições, que frequentemente não conseguem adquirir simuladores devido aos altos preços. Ao reduzir essas barreiras financeiras, a invenção pode contribuir para diminuir desigualdades no ensino de técnicas ginecológicas e obstétricas.

O docente acrescenta que o protótipo desenvolvido passou por um processo de validação de aparência e funcionalidade, realizado por médicos vinculados à EMCM, docentes e residentes do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade. Os resultados indicaram alta concordância entre os avaliadores quanto às características do simulador.

“Embora o projeto tenha potencial para ser desenvolvido em nível de pós-graduação, atualmente ele não está vinculado a nenhum programa específico. A ideia foi concebida como parte da disciplina optativa de Inovação Tecnológica em Saúde, ofertada no Curso de Medicina da EMCM. Esta disciplina visa o desenvolvimento de inovações em saúde e tecnologias educacionais, com foco na criação de protótipos de simuladores de baixo custo. Dado o potencial da ideia, o projeto foi posteriormente incluído no Programa de Iniciação Científica da UFRN”, detalha Raphael.

Ele pontua que, considerando que a Escola Multicampi de Ciências Médicas (EMCM) possui apenas 10 anos de existência, a patente é um marco significativo, destacando o potencial de seus estudantes e docentes. “O processo de patenteamento confere reconhecimento acadêmico, mas também abre portas para parcerias, facilita a divulgação do simulador e pode incentivar outros pesquisadores a investirem em inovações tecnológicas na área da saúde”, finaliza.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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