09 de Maio de 2025
Sintomas neurológicos da ciguatera podem durar por meses, alerta infectologista potiguar
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O consumo de peixes carnívoros de grande porte, como garoupa, sirigado, cavala, pargo, cioba e barracuda, pode representar riscos sérios à saúde, alerta Igor Queiroz, infectologista e professor de medicina da Universidade Potiguar (UnP), cujo curso é parte integrante da Inspirali, melhor ecossistema de educação em saúde do país.
A ameaça vem da ciguatera, uma intoxicação alimentar causada pela ingestão de uma toxina produzida por algas marinhas, que se acumulam na cadeia alimentar e acabam atingindo os seres humanos por meio da carne desses peixes.
Segundo o docente, “os sintomas podem surgir já nas primeiras horas após o consumo do peixe contaminado, variando de quadros gastrointestinais, como diarreia, náuseas e dores abdominais, até sinais neurológicos, como dor de cabeça e parestesias, que são alterações na sensibilidade do paladar e da pele”.
Um dos principais desafios, de acordo com o especialista, é que não há como identificar se o peixe está contaminado ou não. “A toxina não tem cheiro, não tem gosto e não é eliminada pelo congelamento nem pelo cozimento. Ou seja, mesmo um peixe com aparência normal pode estar contaminado”, explica o infectologista.
A ciguatera é uma doença comum em regiões tropicais e subtropicais, especialmente em áreas de recifes de corais, mas ainda pouco conhecida no Brasil, o que pode dificultar o diagnóstico e o tratamento adequado. Por isso, o professor Igor reforça a importância da prevenção como principal forma de proteção. “O ideal é evitar o consumo de grandes peixes carnívoros marinhos, especialmente aqueles pescados em locais onde há registro de casos da doença”, ressalta.
Tratamento
O tratamento da ciguatera é exclusivamente sintomático, ou seja, voltado para o alívio dos sintomas apresentados pelo paciente. Casos leves costumam ser tratados com hidratação oral e medicamentos para controle de náuseas, diarreia e dores.
Já nos quadros mais graves, pode ser necessária internação para reposição intravenosa de líquidos, controle da dor e acompanhamento neurológico. Antialérgicos e analgésicos também são usados para amenizar os sintomas sensoriais, enquanto pacientes com manifestações prolongadas podem precisar de reabilitação e acompanhamento médico a longo prazo.
“O tratamento pode se estender por dias ou até semanas, dependendo da gravidade do quadro. Em casos mais severos, os sintomas neurológicos podem persistir por meses. Por isso, a informação e a conscientização são fundamentais”, frisa o professor da UnP/Inspirali.