Professora da UFRN ganha prêmio que fortalece a participação feminina na inovação

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A professora Renata Braga, do Laboratório de Tecnologia Ambiental (LabTam/UFRN), foi a vencedora do Prêmio Ciência Delas – Mulheres Cientistas pelo Amanhã. A iniciativa da Associação de Cientistas Espanhóis no Brasil (Acebra) é promovida em parceria com a Repsol Sinopec Brasil e a Embaixada da Espanha no Brasil. O anúncio das vencedoras ocorreu no fim de maio, e a cerimônia de premiação foi realizada em Brasília, no dia 10 de junho.

O momento protagonista da jornada foi a entrega dos prêmios pelas instituições organizadoras. Representando a Repsol Sinopec Brasil, Renata Ávila, gerente de relações externas e institucionais, destacou a importância de fomentar a liderança feminina no setor de energia. “Queremos que mais mulheres não só participem, mas que também liderem os projetos de transição energética, projetos que mostrem com clareza que há mulheres fazendo ciência de ponta e transformando nossa indústria. Nosso objetivo é que, quando as novas gerações entrarem, as portas já estejam abertas”, afirmou.

A embaixadora da Espanha no Brasil, María del Mar Fernández Palacios, também participou da cerimônia e enfatizou os laços científicos entre os dois países. Segundo ela, “hoje está claro que a história de Espanha e Brasil em questão de ciência é um caso de sucesso. O Brasil é o terceiro país em colaboração com a Espanha, que ocupa a nona posição entre parceiros científicos do Brasil”. A diplomata ressaltou que uma de suas prioridades é aproximar ainda mais a ciência espanhola do Brasil, destacando os esforços legislativos do governo espanhol para consolidar o financiamento à pesquisa e ao desenvolvimento científico. Ao encerrar sua fala, citou o renomado neurocientista Ramón y Cajal: “As ideias não duram muito e é preciso fazer algo com elas”.

A presidenta da Acebra, Verónica Arán Ponte, também celebrou o evento e ressaltou sua importância dentro do contexto de cooperação internacional. “Não tenho dúvida de que durante esses dois dias serão construídos laços de cooperação científica necessários para materializar as ações previstas nos Memorandos de Entendimento firmados entre a Espanha e o Brasil nos últimos meses”, afirmou.

O Prêmio Ciência Delas tem como objetivo reforçar o compromisso com a participação feminina na ciência e na inovação, incentivando o desenvolvimento de soluções sustentáveis para o futuro energético. As propostas inscritas foram avaliadas por um comitê composto por cinco especialistas e um presidente designado pelas entidades organizadoras. A seleção considerou quatro critérios principais: excelência científica da proposta; análise do currículo e do memorial das candidatas; impacto do projeto; e alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

O projeto que garantiu o primeiro lugar à docente da UFRN tem como título Captura intensiva de CO2 para produção de biocombustíveis avançados a partir da conversão de microalgas por diferentes rotas termoquímicas. A proposta tem como objetivo desenvolver um sistema de cultivo com captura intensiva de CO2 proveniente de processos de pós-combustão.

As microalgas foram escolhidas por sua capacidade de absorver grandes quantidades de gás carbônico (CO2), ajudando a reduzir a poluição atmosférica. Dessa forma, o projeto contribui diretamente para a geração de energia limpa e para o enfrentamento das mudanças climáticas.

Como reconhecimento, Renata Braga será contemplada com uma viagem à Espanha, no valor de R$ 30 mil, para uma imersão no ecossistema europeu de inovação. A experiência promete enriquecer ainda mais sua trajetória e abrir portas para futuras colaborações.

“Espero que isso possa servir de inspiração para que as próximas gerações não enfrentem tantas dificuldades ao entrar em setores predominantemente masculinos”, afirmou a pesquisadora, durante a cerimônia.

Além de Braga, também foi premiada Ana Carolina Abreu, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ), que ficou em segundo lugar. Em sua fala, ela ressaltou o papel transformador da ciência feita por mulheres. “Cada projeto que desenvolvo é por um planeta mais equilibrado para as mulheres cientistas. Ser mãe e cientista é cuidar, construir e transformar. Não se deixe silenciar. Quando não enxergar um caminho, construa um”.

A premiação também contribui para ampliar o debate sobre a equidade de gênero na ciência. De acordo com a Acebra, iniciativas como o Ciência Delas buscam justamente valorizar lideranças femininas em áreas estratégicas e ainda marcadas pela desigualdade de acesso e reconhecimento. Ao destacar trajetórias como as de Renata Braga e Ana Carolina Abreu, a premiação amplia a visibilidade de pesquisadoras brasileiras e estimula a formação de redes internacionais voltadas à inovação sustentável.

Edição: Marcos Neves Jr.; Revisão: Rebeca Ribeiro.