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16 de Novembro de 2021

Pesquisa inédita traça perfil do empreendedorismo nas favelas de Natal

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O empreendedor que vive nas favelas de Natal é, de modo geral, negro, de baixa renda, chefe de família, mais maduro e com menor escolaridade. Isso é o que mostra o novo levantamento feito pelo Data Favela, instituto de pesquisa formado pela união entre o Instituto Locomotiva e a CUFA (Central Única das Favelas), em parceria com o Sebrae no Rio Grande do Norte e divulgado nesta segunda-feira (15), durante o Fórum de Empreendedorismo Social e Negócios de Impacto, no espaço Agência Sebrae Festa do Boi, em Parnamirim, região metropolitana de Natal.

Entre os entrevistados, 57% são homens, 67% são negros e com média de 42 anos de idade. Mais da metade deles, 54%, estudou até o ensino fundamental, e 91% estão nas classes C, D e E. Quando perguntado sobre os motivos que os fizeram empreender, 58% responderam que foi por necessidade.

O diretor técnico do Sebrae no Rio Grande do Norte, João Hélio Cavalcanti, destaca que mais uma vez, o estado cumpre seu papel vanguardista e transformador ao criar a certificação para os negócios de impacto social. “O trabalho realizado pelo comitê estadual, comprometido com o futuro do país e o pleno desenvolvimento sustentável dos negócios, chancela a decisão tomada pelo governo, contribuindo na construção de um arcabouço legal, estratégico e importante para a geração, qualificada, de trabalho e renda no RN”, afirma João Hélio, reiterando ser um avanço importante e significativo para os negócios potiguares.

Embora 63% dos empreendedores estejam dentro da informalidade, 59% deles gostariam de ter CNPJ. Esses trabalhadores são, em maioria, comerciantes: 55% trabalham em comércios de produtos fabricados por terceiros, 45% atuam no ramo de alimentação e bebidas e metade tem um ponto próprio, sendo que outros 34% trabalham de casa.

“A pesquisa nos revela que, assim como em outras regiões do Brasil, existe muita potência nas favelas de Natal, que as pessoas estão dispostas a empreender, mas muitas delas ainda esbarram em desafios como falta de ensino e de infraestrutura básica para o trabalho”, comenta Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, que participou do fórum de forma remota.

“A gente percebe que, mesmo com todos os problemas econômicos que afetam as populações mais pobres, as pessoas nas favelas estão correndo atrás de seus sonhos, de suas ambições, e usando a criatividade para driblar o desemprego”, afirma Preto Zezé, presidente da CUFA, que também participou do evento de forma virtual.

São poucos os empreendedores que atuam em sociedade. Apenas 8% declararam ter sócios e 14% disseram ter funcionários. Destes, a maioria costuma construir esse vínculo com familiares, sendo 84% entre os que têm sociedade e 68% entre os que contratam.

Ao todo, 80% dos empreendedores das favelas de Natal contam com acesso à internet no trabalho, mas apenas 36% fazem atendimento online. A pesquisa também demonstrou que muitos dos entrevistados ainda carecem de uma maior organização financeira. Isso porque somente 32% conseguem separar o dinheiro do negócio das finanças domésticas e 67% são bancarizados.

Data Favela

A pesquisa foi realizada nas comunidades de Natal. A amostra é composta de 459 entrevistas realizadas entre 19 de agosto e 3 de setembro de 2021, com homens e mulheres a partir de 18 anos.

Primeiro instituto de pesquisa especializado em favelas,o Data Favela atua com o objetivo de dar voz à sua população, combinando a expertise de pesquisa do Instituto Locomotiva ao conhecimento e proximidade das favelas da CUFA. Atua nesses territórios de forma fluida e profissional, seja entrevistando seus moradores, seja treinando-os para atuarem nos estudos realizados. É um processo socialmente responsável, que coleta informações confiáveis ao mesmo tempo em que fornece qualificação profissional e geração de renda para os moradores das favelas.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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