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24 de Maio de 2018

Perdas e danos: gerencie a crise antes que ela pegue você

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Quase 80% das organizações ignoram riscos e sinais de alerta e só lidam com os problemas quando a crise já está instalada

Juliska Azevedo

É uma característica comum a muitos gestores acreditarem que só precisam se preocupar com uma crise da empresa ou instituição que dirigem quando ela chega na mídia. Mas, na prática, a maioria – sem exagero – das grandes dores de cabeça das lideranças poderia ser evitada ainda no nascedouro, se tivessem sido devidamente administradas com gestão de riscos e medidas preventivas.

Além da prática, os números mostram que tem sido hábito dos gestores relevar ao segundo plano das preocupações os problemas que estejam tomando corpo e volume, envolvendo funcionários ou clientes, contanto que nada tenha ainda “vazado” na imprensa ou nas mídias sociais. Assim, jogam a crise eminente para debaixo do tapete e entram em desespero quando ela sai, monstruosa, para o meio da sala.

Não é apenas a percepção que aponta para essa postura. Dados do Institute for Crises Managemente (EUA), de 2016, informam que 77,7% das crises ocorrem porque riscos potenciais e pequenos sinais de alerta são ignorados pelas empresas. As crises imprevistas – as fatalidades ou azar do destino – seriam apenas 22,2%.

Em um mundo onde até os acidentes naturais já são possíveis de se prever, o percentual de imprevistos tende a diminuir cada vez mais. O problema está no imenso número de situações que podem prejudicar gravemente a reputação das instituições, mas são relevadas a segundo plano na frieza da rotina.

Ao se tratar de Gestão de Crises, o primeiro comportamento dos que sobrevivem bem aos problemas é o de gerir com atenção os riscos. Isso significa acompanhar diariamente os acontecimentos dentro da instituição, com suas causas e consequências, e identificar previamente situações que possam gerar uma crise que provoque sérios danos à imagem. Antecipar possíveis acontecimentos que afetem seriamente a reputação e agir rápido para que eles não venham a explodir.

Muito tem se falado em gestão de crises, com o olhar geralmente focado para técnicas e práticas para se superar o momento crítico. Mas uma das mais importantes ações no que se refere a crises é evita-las. O que significa contar com um olhar crítico e uma atitude profissional para identificar, listar e combater problemas que tenham potencial destrutivo.

Geralmente, os profissionais que atuam com maior afinco na identificação de riscos e prevenção de danos são vistos nas instituições como “chatos de plantão”. Mas gerir riscos nada tem a ver com perfeccionismo ou, muito menos, pessimismo. Tem relação com economia, gerenciamento de esforços, otimização do trabalho de equipe e, especialmente, proteção à imagem e reputação das instituições.

Tem a ver com lançar um olhar apurado sobre os setores mais vulneráveis. Um grande volume de crises ocorre na atualidade, por exemplo, a partir de problemas da área tecnológica das empresas. Sistemas, datacenter, vulnerabilidade, qualidade dos equipamentos. Nos tempos atuais, é preciso ter atenção redobrada no quesito segurança. Também exige atenção a área financeira. E, quem diria, até mesmo o comportamento dos funcionários nas redes sociais merece cuidados e treinamentos preventivos, para evitar escorregões que resvalem na imagem da corporação.

Quando a crise está instalada, terceirizar a culpa do problema, demorar a reagir ou reagir com a emoção – atitudes, infelizmente, comuns de se ver – poderão abrir espaço para danos muito mais difíceis de se reverter para a imagem pública, que é um dos principais ativos de qualquer empresa.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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