16 de Outubro de 2018
Nove em cada dez consumidores fazem algum tipo de serviço em casa para economizar, aponta levantamento
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Sair comprando de forma inconsequente tem diversas implicações negativas. A mais percebida pelo consumidor é aquela que impacta sua vida de forma imediata. Por essa razão, o aspecto financeiro é o que mais influencia as práticas de consumo consciente entre as pessoas — ou seja, quando pesa no bolso. O levantamento aponta que dentre as várias práticas que já fazem parte da rotina dos brasileiros, destacam-se: sempre pesquisar preço, que resulta na compra dos itens mais baratos (92%), avaliar previamente o orçamento para saber se é possível levar ou não um determinado produto (91%) e optar por não adquirir algo novo quando o bem ainda pode ser usado ou até mesmo consertado (90%).
Além disso, 88% dos entrevistados disseram ter o costume de fazer na própria casa alguns serviços que poderiam ser contratados fora para economizar, como manicure, pet shop, cinema e lanches. Outros 87% garantem que sempre planejam as compras do dia a dia, como supermercados, feiras e pequenas aquisições.
A pesquisa também indica que há um esforço por parte dos consumidores em controlar o orçamento e economizar ao máximo. Enquanto 78% sempre pedem descontos em suas compras, 77% não recorrem ao cheque especial ou ao limite do cartão de crédito para conseguir fechar as contas do mês. Para 75%, uma forma de economizar é consumir somente frutas e verduras da época, por serem mais baratas. Outros 72% evitam fazer compras parceladas para não comprometer o seu rendimento mensal.
“A crise, ainda que à força, vem ensinando os brasileiros muitas lições valiosas sobre economizar e pesquisar antes de sair comprando. Não se trata de simplesmente frear o consumo, mas sim de entender que é preciso comprar com inteligência. Em vez de procurar sempre um produto novo, é possível buscar a reutilização, a troca, o aluguel, o conserto ou meios que não envolvam, exclusivamente, a decisão de jogar fora e comprar outro”, avalia o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli.
Entrevistados acreditam que o consumo consciente só será importante daqui a alguns anos
Uma boa notícia refere-se à adoção de hábitos sustentáveis do ponto de vista ambiental, que já estão incorporados à rotina dos brasileiros, segundo revela a pesquisa. Ao considerar o consumo racional de água, a atitude mais adotada pelos entrevistados (92%) é fechar a torneira enquanto se escova os dentes. Em seguida, aparecem os que afirmam controlar todo mês o valor da conta de água (86%), ensaboar a louça com a torneira da pia fechada (85%), não considerar um exagero a crença de que um dia a água irá acabar (85%) e não lavar a casa ou a calçada com mangueira (83%).
Quanto ao uso racional de energia elétrica, que tem grande impacto social e ambiental, há também uma conscientização crescente dos brasileiros. Apagar as luzes de ambientes que não estão sendo utilizados é a principal prática (95%) mencionada. O segundo hábito mais comum de economia está ligado ao controle do valor da conta de luz (90%) e o terceiro é passar roupas apenas quando existe um volume grande de peças (82%). Há ainda 76% de consumidores que têm a preocupação em verificar a quantidade de energia que determinado eletrodoméstico gasta antes de comprá-lo e 73% que dão preferência à utilização de lâmpadas de LED na residência.
Entre as ações de preservação do meio ambiente, as mais comuns citadas na pesquisa são doar ou trocar um produto antes de jogá-lo fora (86%) e evitar imprimir papéis para reduzir gastos e prejuízos ao planeta (79%). Em contrapartida, há um sinal de alerta: mais da metade só acha importante praticar o consumo consciente daqui a alguns anos, quando problemas mais graves atingirem o meio ambiente (55%).
Principais obstáculos ao consumo responsável são os maus hábitos
A pesquisa também revela quais são os aspectos que motivam o consumo consciente. Para 35% dos entrevistados, o uso racional de água e energia elétrica está ligado a ações que evitam o desperdício de um bem que pode acabar, ao passo que 22% afirmam dar o exemplo aos filhos, família, amigos e vizinhos, influenciando suas atitudes.
Além disso, a maioria das pessoas ouvidas desaprova atitudes de consumo nocivas quando veem outros desperdiçando água, energia ou comprando produtos sem se preocupar com o meio ambiente. De cada dez entrevistados, seis (60%) se sentem prejudicados por acreditarem que nada irá mudar se apenas eles próprios e não o todo fizerem sua parte.
Entre os principais obstáculos apontados quanto à adoção de atitudes de consumo consciente, o mais citado tem a ver com maus hábitos que vão se tornando rotineiros sem que a pessoa perceba. Quando o assunto é economizar água, luz e telefone, 33% reconhecem que a principal barreira é a distração ou esquecimento. Já 22% afirmam ficar desmotivados por não verem resultados diante das mudanças de atitude, enquanto 20% mencionam falta de tempo.
Preço de produtos falsificados atraem 58% dos brasileiros
Para entender o quanto as pessoas enxergam seu papel e lugar como indivíduos que agem em favor da coletividade, o levantamento quis saber quais ações estão sendo feitas. As práticas mais citadas são: incentivar as pessoas de casa a economizarem água e luz (93%), priorizar o tempo livre com família ou amigos, em vez de ir a shoppings ou fazer compras (89%), evitar compras de produtos de marca ou empresas que utilizam trabalho escravo (87%) e aconselhar outras pessoas a pensar se elas realmente precisam daquilo que vão comprar ou se é apenas um desejo passageiro (82%). Um dado que chama a atenção no levantamento mostra que 58% acabam comprando algumas vezes mercadorias não originais pelo preço atrativo.
Foram entrevistados 824 consumidores, nos meses de maio e junho, nas 27 capitais brasileiras, acima de 18 anos, de ambos os gêneros e de todas as classes sociais. A margem de erro é de 3,4 pontos percentuais para uma confiança de 95%. Baixe a íntegra da pesquisa em https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas