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02 de Maio de 2019

Metade dos assassinatos de jornalistas no Brasil permanece impune; profissionais fora dos grandes centros são principal alvo

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Violência, assassinatos e alto índice de impunidade dos crimes (apenas a metade foi solucionada) contra comunicadores marcam o jornalismo brasileiro entre os anos de 1995 e 2018, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (30) pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e a Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp). O documento, que foi lançado em evento alusivo ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (3 de maio), mostra que os profissionais brasileiros que trabalham longe dos grandes centros e de forma independente ou em pequenos veículos de comunicação são os principais alvos.

Nos últimos 23 anos, diz o relatório, 64 jornalistas e comunicadores foram assassinados no Brasil em razão do exercício da profissão. Do total de crimes, apenas a metade (32) foi solucionada, com os responsáveis devidamente denunciados pelo Ministério Público. Entre os demais, há 16 casos em andamento, sem decisão final e ainda sob investigação policial, enquanto outros dois foram parcialmente solucionados. Além disso, em sete homicídios os autores do crime não foram identificados. Esses casos, arquivados sem a identificação dos criminosos, ocorreram na Bahia (2), no Rio (2), em Mato Grosso do Sul (2) e no Rio Grande do Norte (1). Há outros sete casos sobre os quais o levantamento não conseguiu obter informações processuais.

"Os crimes e agressões contra jornalistas se multiplicam à medida que os criminosos permanecem impunes”, alertou o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech. “Os índices de violência contra a imprensa no Brasil estão entre os mais altos do mundo, o que nos coloca na vergonhosa posição de ser um dos países onde os jornalistas mais correm riscos no exercício de sua profissão", lamentou o jornalista. De acordo com o CNMP, que desde 2017 busca identificar eventuais falhas no sistema de administração da Justiça para combater a impunidade, o Brasil é o sexto lugar mais violento do mundo para jornalistas, conforme ranking da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). “Estamos atrás [no ranking] apenas de países em manifesta crise institucional, política e até humanitária, como Síria, Iraque, Paquistão, México e Somália”, diz o texto. 

O ano com o maior número de mortes foi 2015, quando houve oito casos. De 1995 a 2010, havia no máximo três assassinatos por ano. Em 2011, pulou para seis, número que pouco mudou até o ápice em 2015. De lá para cá, foram quatro assassinados em 2016, um em 2017, e quatro novamente em 2018. Quase totalidade dos assassinatos dos assassinatos registrados ocorreu longe dos grandes centros urbanos, envolvendo profissionais de imprensa e comunicadores autônomos ou ligados a pequenos grupos de mídia, muitos deles blogueiros e radialistas.

“Essa circunstância dificulta que os episódios cheguem ao conhecimento da população, ficando a repercussão desses fatos limitada ao território onde ocorreram. Ao lado das notórias deficiências estruturais das Polícias Judiciárias, sobretudo nos rincões do país, que dispõem de parcos recursos humanos e materiais, esse fator acarreta inexoravelmente situações de impunidade como as detectadas neste estudo”, afirma do documento.

Fonte: ANJ, disponível em: https://www.anj.org.br/site/component/k2/73-jornal-anj-online/19363-metade-dos-assassinatos-de-jornalistas-no-brasil-permanece-impune-profissionais-fora-dos-grandes-centros-sao-principal-alvo.html

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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