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22 de Março de 2019

Jovens “nem-nem”: Nem estudam e nem trabalham. De quem é a culpa?

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Por Jaqueline Barbosa

Se você tem entre 15 e 24 anos, não estuda e nem trabalha, saiba que agora faz parte das estatísticas, 23% (2 a cada 10) dos jovens brasileiros não exercem nenhuma das funções citadas. A maior parte desse grupo é formado por mulheres de baixa renda. O número coloca o Brasil como um dos países com maior incidência de jovens "nem-nem", como são popularmente chamados, em toda a América Latina e do Caribe. Ficando atrás apenas do México, com 25% e El-Salvador, com 24%.

Os dados são do estudo "Millennials na América e no Caribe: trabalhar ou estudar?" realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, em dezembro de 2018. A palavra “millennials” faz referência a geração nascida após os anos 2000 em que se encontram a maioria dos mais de 15 mil jovens entrevistados. A pesquisa aponta como principais motivos da situação, problemas com habilidades cognitivas e socioemocionais, incluindo o capacidade de liderança, autoconfiança e trabalho em equipe, falta de políticas públicas, além de obrigações com a família.

Mesmo com os conflitos apontados, a pesquisa demonstra que os jovens nem-nem não estão completamente ociosos, 31% deles estão procurando trabalho, principalmente os homens e 64% se dedica a trabalhos de cuidado doméstico e familiar, principalmente as mulheres.

Diante desses dados, seria o mercado de trabalho que ao exigir cada vez mais habilidades, impede que os jovens estejam inseridos? Ou o governo que não oferece políticas públicas que oportunizem os adolescentes se capacitarem de forma correta? O desemprego no Brasil chegou a 11,9% ano passado, a educação é listada com um dos piores índices do mundo ocupando o 53º lugar entre 65 países avaliados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), fatos que estão diretamente ligados.

Políticas públicas de incentivo, que se antecipem aos principais problemas enfrentados pelos jovens, como falta de experiência e gravidez/paternidade precoce, são necessárias e urgentes para que esta realidade, que atinge 17% da população do País, não continue aumentando e até comprometendo outros índices no futuro, como taxa de população ativa, que atualmente ainda é maior que a de dependentes.

Além da melhoria na educação, para que os professores tenham mais chance de ensinar e os alunos mais motivação para aprender, diminuindo assim a evasão escolar, medidas para reduzir a taxa de gravidez na adolescência, além uma maior oferta de creches, possibilitando as mulheres uma chance de conciliar trabalho e estudo, são algumas alternativas que podem diminuir as estatísticas em curto prazo.

Se tratando da oportunidade de se familiarizar com uma profissão e de obter experiência profissional, programas como o PRONATEC - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego - precisam ser fortalecidos e incentivados pelo poder público. Como também, a maior adesão do Programa Jovem Aprendiz pelo setor privado, que de 2012 a 2015 teve a participação de 1.3 milhões de jovens quando, na verdade, este é o número previsto para apenas um ano.

Tudo isso constata que, apesar de haverem oportunidades, elas ainda estão longe de atingir a todos os jovens, e além de desigualdade social, educacional e econômica, a situação causa privação de melhorias para todo o País, mas principalmente na vida de cada um deles. Mesmo que a falta de políticas públicas seja a maior responsável pelo quadro, em alguns casos, também é necessário que os pais, escolas e lideranças comunitárias se esforcem, dentro de suas realidades, para ajudar a reverter essa realidade.

Jaqueline Barbosa é Jornalista, especialista em Comunicação Digital, CEO da Pirâmide Conteúdo Digital e colaboradora do Blog da Juliska

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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