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06 de Outubro de 2022

[ARTIGO] Reinados, reis e rainhas, por Daladier Pessoa Cunha Lima

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Por Daladier Pessoa Cunha Lima*

Em crônica recente na Folha de S. Paulo, o escritor Marcelo Coelho se refere ao rei Farouk 1º, do Egito, deposto em 1952, que dizia:  “No futuro, só existirão cinco reis, os quatro do baralho e a rainha da Inglaterra.”  Passadas cerca de sete décadas, a previsão do rei Farouk não se confirmou, pois, somente na Europa, ainda existem nove monarquias.  Na Espanha atual, a monarquia retornou em 1975, criada num impulso do ditador Francisco Franco, que nomeou para a função o monarca Juan Carlos.  Principalmente nos países mais representativos, como Reino Unido, Holanda, Suécia e Dinamarca, as monarquias têm somente o papel de representação, sem qualquer poder político.  Não é à toa que a expressão “rainha da Inglaterra” é sinônimo de algo simbólico, alegórico.

As monarquias, no geral, despertam simpatia e curiosidade nas pessoas, ao redor do mundo e ao longo do tempo.  No entanto, nenhuma se iguala à monarquia do Reino Unido, que é líder de um grupo de 56 países soberanos, chamado de Commonwealth, dos quais 15 são reinados.  Desde o dia 8 de setembro de 2022, com a morte da Rainha Elizabeth II, assumiu o Trono do Reino Unido o Rei Charles III, filho da charmosa monarca recém-falecida.  Talvez falte ao novel rei o carisma tão presente na vida de Elisabeth II.  Devido ao funeral da rainha do Reino Unido, a celebração dos 50 anos do reinado da rainha da Dinamarca, Margrethe 2ª, teve de ser reduzida somente para o âmbito interno.  O reinado de Margrethe 2ª, hoje, é o mais duradouro da Europa.  Ao se falar do reinado dinamarquês, vem logo à mente a frase “Há algo de podre no reino da Dinamarca”, de Shakespeare, em sua obra mais famosa, a tragédia Hamlet.  Nesta mesma obra, outra frase profunda e atemporal:  “Ser ou não ser, eis a questão”.  A rainha Margrethe 2ª, que tem aprovação de 80% dos súditos, é prima distante de Elizabeth II.       

No início do século XX, quase todos os países da Europa mantinham o regime monárquico, com raras exceções, a exemplo da França.  A Alemanha, a Rússia e o Império Austro-Húngaro aboliram o regime monárquico logo após a Primeira Guerra.  Decorridas cerca de três décadas, também mudaram de regime a Bulgária, Romênia, Iugoslávia e a Itália, mas todos abraçaram o sistema democrático. 


No Brasil, destaca-se o reinado de Dom Pedro 2º, que durou 49 anos, três meses e vinte e dois dias.  Dom Pedro 2º é o melhor exemplo de homem público do país, culto, respeitado, um democrata de cetro e coroa.  A ruptura do regime, com a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, deu-se em moldes de golpe de Estado, pois os donos do poder deram ao velho monarca a única opção de entrar em um navio e zarpar para a Europa, tornando-o órfão do seu próprio país.  O navio Alagoas, que transportou a família real, levou 21 dias entre o Rio de Janeiro e Lisboa.  Dom Pedro 2º resistiu, buscou alento nos livros, mas a imperatriz Tereza Cristina faleceu, poucos dias depois de chegar a Lisboa.  O Brasil não soube se espelhar nos exemplos de Dom Pedro 2º, de probidade no serviço público e de amor às letras, à ciência e à educação.  Seus méritos de estadista foram mais louvados no exterior do que no seu próprio país, porquanto foi chamado na Europa e nos Estados Unidos de “Governante modelo do mundo”.

*Daladier Pessoa Cunha Lima é reitor do UNI-RN.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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