Novidades sobre comunicação, educação, empreendedorismo, tecnologia, inovação e muito mais.

01 de Setembro de 2022

[ARTIGO] Imperatriz Leopoldina e Pedro II, por Daladier Pessoa Cunha Lima

[0] Comentários | Deixe seu comentário.

Por Daladier Pessoa Cunha Lima*

Maria Antonieta, rainha da França guilhotinada em 1789, pela Revolução Francesa, era tia-avó da arquiduquesa Leopoldina, que veio da Europa para casar com Dom Pedro, depois da transferência da corte portuguesa para o Brasil. O avô da arquiduquesa, o imperador da Áustria Leopoldo II, era irmão da desditosa rainha. Assim, a família real brasileira tinha parcial descendência dos Habsburgos, uma linhagem dinástica que por muito tempo dominou várias monarquias na Europa.  Leopoldina cada vez mais é olhada não somente como genitora de Dom Pedro II, mas também por sua influência decisiva no processo da Independência, porquanto instigou o príncipe D. Pedro para esse feito heróico, e assinou a declaração de separação do Brasil do domínio português, na condição de Princesa Regente Interina.

Leopoldina (1797-1826) nasceu em Viena, filha de Francisco I, imperador da Áustria,  e de Maria Teresa.  Assinale-se que Francisco nada fez para tentar salvar a vida da tia Maria Antonieta, quando a rainha da França estava sendo julgada pela Revolução Francesa.  Poucos anos depois (1810), foi obrigado a dar a mão da filha mais velha, Maria Luisa, ao auto-coroado imperador da França, Napoleão Bonaparte.  Maria Luisa retornou a Viena após a derrota de Napoleão, trazendo um filho desse casamento.  O menino veio a receber a atenção e o carinho da tia Leopoldina, futura consorte do primeiro imperador do Brasil.  É curioso se verificar que na França, por capricho do destino e em menos de três décadas, o sangue austríaco dos Habsburgos jorrou com a decapitação de uma rainha, e voltou aos palácios reais, circulando nas veias e artérias de uma imperatriz.

Leopoldina ficou órfã de mãe aos dez anos, um golpe para a família que sempre conviveu em ambiente de educação refinada e afetiva, nos padrões das cortes mais tradicionais da Europa.  Francisco I casou, então, com a prima Maria Ludovica, mulher inteligente e culta, evento de forte repercussão no crescimento intelectual da futura imperatriz do Brasil. Os preceitos morais, a disciplina, a infância dourada e o esplendor dos palácios de Viena permaneceram intactos em sua personalidade, e foram motivos de choque com a nova vida na corte brasileira.

Por séculos, os casamentos entre casas dinásticas exerciam papel importante em alianças diplomáticas.  Educada para se curvar aos interesses do Estado, Leopoldina submeteu-se a esse papel, ao se casar com o príncipe D. Pedro, uma união entre a Casa de Bragança e a corte austríaca, na fase de reorganização de Europa pós-Napoleão.  Depois de uma travessia marítima de três meses, encontrou o marido pela primeira vez no Rio de Janeiro.  Em pouco tempo, manifestou todo o amor por aquele que seria o pai dos seus sete filhos, mas desvaneceu-se face ao desamor do príncipe herdeiro português, que se mostrou um homem pouco letrado e árido no dia a dia do lar.  Sem muitos atributos de beleza física, a princesa austríaca tinha, entretanto, boa condição intelectual, sendo fluente em francês e alemão.  Escreveu muitas cartas, entre as quais encontram-se as 315 que ilustram o livro “D. Leopoldina – Cartas de Uma Imperatriz” (2006).  Morreu muito jovem, aos 29 anos, mas seu amor ao Brasil floresceu e se revelou na figura do seu filho, Imperador D. Pedro II, o melhor exemplo de homem público do país.

*Daladier Pessoa Cunha Lima é reitor do UNI-RN.

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

+ Leia mais

Categorias