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20 de Setembro de 2023

UFRN implanta primeiro banco de amostras dentárias humanas do RN e segundo do Nordeste

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Mateus Nácer – Agecom/UFRN

Você sabia que os seus dentes podem ajudar a pesquisa e a formação acadêmica? O Departamento de Odontologia da UFRN (DOD/UFRN) é detentor do primeiro Biobanco de Dentes Humanos (BDH) do Rio Grande do Norte, sendo o segundo do Nordeste a receber a aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Um biobanco é caracterizado por uma coleção organizada de material biológico humano, coletado e armazenado para fins de pesquisa, conforme regulamento ou normas técnicas, éticas e operacionais pré-definidas, sob responsabilidade e gerenciamento institucional, sem fins comerciais. 

No Brasil, a realização de pesquisas utilizando material biológico humano é regulada pelos Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) de diversas instituições, os quais, por sua vez, atendem às regulamentações legais do Conselho Nacional de Saúde (CNS) por meio da Conep. O Biobanco de Dentes Humanos do Departamento de Odontologia da UFRN iniciou suas atividades em agosto de 2022 após ser aprovado pela Comissão. A Resolução nº 441 de 2011 determina que todo material biológico com finalidade de pesquisa deve ser captado e armazenado em Biobancos institucionalizados.

Por meio do trabalho coordenado pela professora Maria Cristina dos Santos Medeiros, o BDH da UFRN possibilita a realização de estudos científicos e atividades de ensino, promovendo o desenvolvimento da pesquisa acadêmica e preparando alunos de Odontologia para o exercício clínico profissional. A doação de dentes é fundamental para a existência e a manutenção dessas ações.

As amostras são catalogadas de acordo com a anatomia dentária e armazenadas em refrigeradores – Foto: Barbara Cristina

Durante a formação dos estudantes de Odontologia, o estudo do órgão dentário é essencial para a compreensão dos elementos que constituem o sistema mastigatório humano (sistema estomatognático), além da compreensão das características distintas que influenciam na manifestação de alterações dentárias e lesões cariosas. Na área de pesquisa, as amostras podem ser utilizadas para testar adesão de materiais, modificações na estrutura dentária depois da aplicação de diferentes tratamentos, capacidade de eliminação de microrganismos em canais radiculares, entre outras possibilidades geradas pela evolução dos estudos.

“Nós também realizamos atividades didáticas, ministrando palestras de conscientização sobre a valorização do dente como um órgão e a importância da doação quando a exodontia é indicada, tanto para a comunidade acadêmica quanto para o público externo. O BDH da UFRN também promove campanhas de doação e coleta dos dentes humanos”, relata Yasmin Costa, estudante e membro do projeto de extensão Vivenciando o Biobanco de Dentes, ligado ao Departamento de Odontologia da UFRN. 

Doação de dentes

Antes de doar, é importante entender que os dentes são órgãos do corpo humano, portanto, a aquisição e utilização desse material para fins de pesquisa ou atividades de ensino deve ser mediada por Biobancos ou Bancos de Dentes, que são entidades sem fins lucrativos ligados, em sua maioria, a instituições de ensino de Odontologia. Além de receber doações individuais, o BDH da UFRN coleta dentes das próprias clínicas do Departamento de Odontologia, de Unidades Básicas de Saúde e de clínicas privadas.

Professora Maria Cristina (à direita) coordena o Biobanco de Dentes da UFRN – Foto: Lilian Karine

Os dentes são doados voluntariamente mediante Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que autoriza a coleta e o uso posterior das amostras em pesquisas, podendo esse consentimento ser retirado a qualquer momento se o doador assim o desejar. Dessa forma, o BDH não só controla a entrada e a saída desses materiais, como também mantém o sigilo e a confidencialidade dos dados pessoais obtidos, garantindo que as amostras sejam usadas de forma ética e legal.

A professora Cristina Medeiros ressalta a importância do trabalho realizado pelo BDH não apenas para o ensino e a pesquisa, mas para o uso correto e legal dos órgãos doados. Isso porque, de acordo com a Lei 9.434/97 – a Lei de Transplantes –, quem remove órgãos e tecidos humanos de maneira ilegal pode ser condenado à pena de três a oito anos de prisão. “Outro importante objetivo é armazenar e fornecer órgãos dentais com procedência conhecida, impedindo a prática ilegal do comércio de dentes, o risco de infecção cruzada durante a manipulação inapropriada, além de realizarmos ações de conscientização da sociedade sobre a importância da doação dos dentes”, comenta.

O projeto de extensão Vivenciando o Biobanco de Dentes auxilia na realização das atividades de coleta, limpeza, esterilização, seleção, cadastro, armazenamento e empréstimo do material recebido pelo BDH. “Recebemos dentes com indicação de extração pelo profissional dentista, respeitando os princípios éticos e legais, utilizando termos de consentimento. Buscamos valorizar o dente como órgão, seguindo os princípios de biossegurança. Assim, nós adquirimos consciência ética e conhecimento científico que se somam à nossa experiência acadêmica”, ressalta Barbara Cristina, aluna de Odontologia e bolsista no projeto.

Palestra de conscientização e valorização do dente ministrada por Yasmin (à esquerda) e Barbara (à direita) – Foto: Joyce Figueiredo

Doações pessoais podem ser feitas por qualquer pessoa, sendo realizadas junto ao BDH após a assinatura de um Termo de Doação de Dentes Humanos. Os interessados em realizar essa ação podem ir presencialmente ao Departamento de Odontologia ou entrar em contato pelo email bancodedentesufrn@gmail.com. Para mais informações, basta acessar a página do BDH da UFRN no Instagram: @bdh.ufrn.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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