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21 de Fevereiro de 2020

UFRN desenvolve antibióticos com atividade potencializada

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O desenvolvimento de novas sequências de biomoléculas que geram antibióticos com atividade potencializada é o resultado do primeiro depósito de pedido de patente da UFRN em 2020. O estudo, desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos (PpgDITM), para chegar a esse produto, focou no desenvolvimento de peptídeos análogos a um peptídeo nativo, o TsAP2, presente no escorpião amarelo, espécie que predomina no Nordeste do Brasil cujo nome científico é Tityus Stigmurus.

Constituídos por aminoácidos, os mesmos blocos construtivos das proteínas, todos os organismos vivos produzem peptídeos biologicamente ativos. Considera-se peptídeo as sequências com até 50 aminoácidos; acima dessa quantidade, temos as proteínas. Segundo um dos autores da invenção, o cientista Matheus de Freitas Fernandes Pedrosa, com a modificação, há a consequente potencialização da ação antimicrobiana estudada na literatura, que pode proporcionar uma maior atividade biológica, principalmente contra bactérias gram negativas e gram positivas.

Ambas alteram o metabolismo normal das células ou dos tecidos do hospedeiro, danificando-os. A Staphylococcus aureus, que pode causar pneumonia, infecções da válvula cardíaca e infecções ósseas, e a Helicobacter pylori – H pylori –, que provoca sintomas dispépticos, úlceras pépticas e linfoma gástrico de tecido linfático associado à mucosa (linfoma MALT), são exemplos, respectivamente, de bactérias gram negativas e gram positivas.

“Promovemos, para a produção desses análogos, mutações pontuais em aminoácidos específicos, visando à substituição por outros com características físico-químicas diferentes que possam gerar, com protótipos, atividade antibacteriana e antiproliferativa mais potente. A estrutura primária desse peptídeo nativo apresenta 17 aminoácidos e, por meio de estudos em bioinformática, desenvolvemos outros baseados nos nativos como protótipos”, explicou Matheus Pedrosa. Ao lado de Alessandra Daniele da Silva, Renata Mendonça Araújo e Norberto de Kassio Vieira Monteiro, ele é um dos autores do pedido de patente e deu outros detalhes em vídeo disponibilizado no endereço no Instagram.

O grupo trabalha com o escorpião amarelo há aproximadamente 12 anos. Resultado das pesquisas, já são 72 novos peptídeos análogos candidatos à indústria farmacêutica como novos antibióticos. Nesse número, há frutos de pesquisas realizadas com outro peptídeo nativo do escorpião, a Stigmurina, estudo cujo depósito de patente ocorreu em 2015. Os dois trabalhos se relacionam ainda com o primeiro depósito de pedido de patente do curso de Farmácia em 2012, nomeado Sistemas Nanoparticulares de Quitosana aplicados como Imunoadjuvantes na Produção de Soros Contra Venenos de Animais Peçonhentos. 

Para os inventores, a resistência a antibióticos convencionais consiste em um grave problema de saúde pública mundial, apresentando elevada morbidade, mortalidade e elevados custos de internação. O uso indiscriminado de antimicrobianos e a ação específica dos antibióticos usuais sobre proteínas intracelulares, aliada à elevada capacidade de mutação dos microrganismos, têm acarretado no desenvolvimento de “espécies” resistentes, restringindo as alternativas terapêuticas no tratamento de doenças infecciosas. Com as alterações na estrutura primária que geram esses peptídeos análogos, esse processo tende a diminuir.

Foto: Hamma Glaucia

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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