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10 de Maio de 2023

Três professores potiguares são finalistas do Prêmio Educador Transformador 2023

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Um projeto de formação de guias para estimular o Turismo de Base Comunitária (TBC), envolvendo especialmente remanescentes quilombolas, no Vale do Açu, outro de acessibilidade com impressão em 3D de materiais de sinalização em braille para auxiliar estudantes com limitações visuais e um terceiro de um veículo projetado para explorar a caatinga no Nordeste brasileiro, foram os aprovados do estado para concorrer ao Prêmio Educador Transformador 2023, que será anunciado nesta quarta-feira (10), em São Paulo. Os finalistas do Rio Grande do Norte responsáveis pelos respectivos projetos são a professora do Senac em Assú, Juliana Souza, o professor do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal, Bismarck Luiz Silva, e o docente do Departamento de Ciências Animais e coordenador do Laboratório de Aprendizagem Criativa da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), em Mossoró, Felipe Ribeiro.

Apesar de iniciativas em áreas distintas, o pensamento desses três educadores no ofício do ensino é o mesmo: implementar uma educação transformadora de impacto positivo na sociedade pode fazer a diferença e mudar vidas. Os potiguares representam o estado na final da premiação, cujos vencedores serão anunciados durante o Congresso Bett Brasil 2023, maior evento de Educação e Tecnologia da América Latina, que está sendo realizado na capital paulista. A cerimônia de premiação será realizada no Auditório do Transamerica Expo Center, em São Paulo (SP), a partir das 15h30, desta quarta-feira (10).

Promovido em parceria pelo Instituto Significare, Bett Brasil e Sebrae com o objetivo de reconhecer projetos de educação transformadora em todos os níveis de ensino, esta é a primeira edição do Prêmio Educador Transformador, que resulta da fusão de duas premiações já consagradas: o Prêmio Professor Transformador, promovido pelo Instituto Significare e Bett Brasil, e o Prêmio Sebrae de Educação Empreendedora. E vai reconhecer o trabalho de professores de todo o Brasil que inscreveram seus projetos em uma das categorias do concurso: Educação Infantil, Ensino Fundamental – Anos Iniciais, Ensino Fundamental – Anos Finais, Ensino Médio, Educação Profissional, Ensino Superior e Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Do total de inscritos do Rio Grande do Norte, 43 professores tiveram projetos pré-selecionados para concorrer a um dos sete troféus do concurso, sendo um por categoria. Somente os três docentes avançaram na seletiva e estão na final do prêmio, juntamente com 67 representantes dos outros estados da Federação e do Distrito Federal. Esta edição recebeu um total de 2.897 projetos de professores de todo o Brasil, avaliados por uma banca de 162 educadores voluntários, selecionados por meio de análise do curriculum lattes.

Na avaliação da gestora do Programa Educação Empreendedora do Sebrae-RN, Conceição Moreno, a presença de três instituições de ensino do RN como finalistas do prêmio é um reconhecimento das práticas educacionais que possibilitam o desenvolvimento de competências empreendedoras.

“Esse número de projetos selecionados é muito significativo e demonstra o quanto os educadores de todos os níveis de ensino no Rio Grande do Norte estão comprometidos com uma educação transformadora para quem aprende e leva adiante, assim como para a nossa sociedade. O Sebrae tem o compromisso de fazer esse reconhecimento, pois a educação está no centro do eixo do empreendedorismo impulsionado pelo Sistema Sebrae”, afirma Conceição Moreno.

Serão premiados os primeiros colocados em cada categoria, que receberão: troféu, certificado, Missão Técnica Nacional e uma bolsa integral no curso MBA em Educação Empreendedora (360 horas). Além disso, serão disponibilizadas mais cinco bolsas integrais para as instituições de cada um dos vencedores.

Representantes potiguares

 

O projeto Turismo de Base Comunitária: valorização dos aspectos históricos/culturais em Picadas, Ipanguaçu/RN, da professora Juliana Souza Rebouças, concorre na categoria Educação Profissional, que, no Nordeste, tem apenas um concorrente, o projeto de Extensão Tecnológica: aproximação do ensino técnico às experiências do mundo do trabalho, de uma educadora de Pernambuco.

A professora do Senac desenvolveu sua proposta a partir da Unidade Curricular 08: Projeto Integrador, baseada na metodologia ação-reflexão-ação com a proposição de situações desafiadoras, articulando aos conhecimentos do Curso Técnico em Guia de Turismo com estudantes dos municípios de Assú, Macau, Porto do Mangue, Pendências, Carnaubais, Itajá e Ipanguaçu. A proposta foi fortalecer o Turismo de Base Comunitária na região, valorizando os aspectos culturais e históricos. A ação permitiu que os discentes percebessem que o conhecimento não é exclusividade de uma disciplina, que ele se articula aos demais conhecimentos no decorrer do curso. Durante as aulas foram realizadas reflexões acerca da identidade histórica, cultural, patrimônio gastronômico dos destinos e a conservação da biodiversidade do Semiárido Brasileiro estabelecendo o protagonismo de cada comunidade no processo decisório, estimulando o cooperativismo e tendo como resultado a valorização da cultura.

“É uma oportunidade de levar para todo o País o nome da nossa região, em especial a comunidade quilombola de Picadas, que vem trabalhando a resistência do seu povo. Estamos vendo a possibilidade, através do Turismo de Base Comunitária, da geração de emprego e renda em busca do desenvolvimento. Eu entendo que a educação é um instrumento de transformação da vida das pessoas”, relata Juliana Souza.

A professora destaca que é muito gratificante estar entre os finalistas em uma premiação tão competitiva, que se reveste de um significado impactante.

Tecnologia da NASA

Já os demais finalistas potiguares são os únicos representantes nordestinos na categoria Ensino Superior nessa etapa final do prêmio. Um deles é o Rover da Caatinga, de autoria de Felipe Ribeiro, professor da UFERSA, em Mossoró. O projeto consiste na construção de um protótipo de um veículo espacial didático programado para explorar a Caatinga, executado em parceria com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dos Estados Unidos. O equipamento foi finalizado em janeiro deste ano e se trata de uma categoria de veículo autônomo, semelhante aos enviados pela NASA à Lua e a Marte, para explorar o bioma da Caatinga, que cobre todo o sertão nordestino e parte do estado de Minas Gerais.

Para o feito, foram envolvidos oito estudantes do MIT, doze estudantes da UFERSA e 38 estudantes do ensino médio de escolas públicas em 11 cidades do Rio Grande do Norte. O projeto foi financiado pela Embaixada dos EUA no Brasil e pelo Consulado Geral dos EUA em Recife como parte do programa Science for All. Tudo foi coordenado por Felipe Ribeiro, que utilizou a abordagem STEAM, integrando Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática para resolver desafios, e estimulou a troca de conhecimento entre americanos e brasileiros de forma colaborativa para pensar sobre o tipo de terreno, a locomoção do veículo, os sensores utilizados e os métodos de comunicação, por exemplo.

“Estar entre os 10 finalistas da categoria Ensino Superior do Prêmio Educador Transformador 2023, entre inúmeros projetos concorrentes, é uma grande alegria para mim e toda a equipe envolvida no projeto, que foi pensado seguindo os princípios da aprendizagem criativa, mão na massa mesmo”, comemora.
O professor Felipe Ribeiro afirma que independente do resultado da premiação, os autores do projeto do Rover já se sentem vencedores por se tornarem finalistas.

Ampliar a acessibilidade

O terceiro projeto finalista do RN surgiu na UFRN e foi idealizado pelo professor Bismarck Luiz Silva, do Departamento de Engenharia de Materiais. Intitulado “Engenharia de Materiais e Acessibilidade: Impressão 3D para Sinalização Tátil”. O projeto consiste na produção de placas com escrita em Braille para auxiliar estudantes com deficiência visual na UFRN. O projeto contou com o apoio da Secretaria de Inclusão e Acessibilidade da UFRN, que realizou uma oficina sobre o sistema Braille antes da fabricação das placas. As placas foram testadas e aprovadas por um professor com deficiência visual da universidade.

Segundo Bismarck Luiz, a classificação como finalista do Prêmio Educador Transformador é o reconhecimento de um trabalho na busca da inovação na área educacional.

“Desde 2020 tenho me dedicado a aprender e aplicar metodologias ativas no curso de Engenharia de Materiais. Uma delas é a aprendizagem baseada em projetos. Esse projeto selecionado no prêmio partiu de um problema existente, que é a sinalização tátil com escrita em braile para pessoas cegas, que não existia no departamento e nem nas salas de aula. Os alunos conseguiram projetar e fabricar um protótipo de placa, que soluciona esse problema”, explica o docente.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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