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19 de Março de 2021

Trabalho artesanal do Seridó tem selo de indicação geográfica de procedência

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O famosos bordados do Seridó, que chegam inclusive a serem imitados e comercializado por artesão de outros estados nordestinos com esse título, são um bom exemplo de valorização do artesanato. As peças feitas na região levam o selo da Indicação Geográfica (IG), na categoria indicação de procedência, concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Para a  presidente do Comitê Regional das Associações e Cooperativas Artesanais do Seridó (Cracas), Iracema Nogueira Batista, esse é um dos exemplos da valorização do artesanato do Rio Grande do Norte, atividade que vem sendo valorizada ao longo do tempo.

 “Com a pandemia, diversificamos a nossa produção, que antes era muito voltada para cama, mesa e banho. Agora, muitas artesãs estão bordando máscaras, porque a procura tem sido grande por parte de empresas do Brasil inteiro. A pandemia não trouxe muitos prejuízos para a produção do bordado. Estamos inclusive constatando a falta de mão-de-obra para atender aos pedidos de máscaras bordadas”, relata a artesã.

Atualmente a cooperativa de artesãs no Seridó, que nasceu como uma associação na década de 1970, conta com 22 associadas. Apesar de sócias, a maioria realiza o seu trabalho em casa e nem sempre coloca seus produtos à venda na lojinha da cooperativa. Agrupadas em uma cooperativa, as artesãs têm mais facilidade na aquisição de matéria-prima, como a cambraia de linho, fraldas de tecido, toalhas e as linhas para bordar. “Conseguimos preços mais accessíveis e formas de pagamento facilitadas”, exemplifica Iracema.

As bordadeiras do Seridó norte-rio-grandense, segundo Iracema, têm sempre uma segunda atividade que complementa a renda da família. O principal desafio é a questão do escoamento da produção, que geralmente é vendida na região, mas que o desejo das artesãs é firmar parcerias comerciais com empresas de fora, a fim de que haja uma maior valorização dos produtos.

A maior dificuldade das bordadeiras é a falta de apoio financeiro, segundo a artesã, que reivindica cursos de requalificação e iniciação ao bordado para ampliar o número de bordadeiras. “Uma das metas do Cracas é revitalizar associações e cooperativas do Seridó que são vinculadas ao Comitê. Para isso, estamos tentando elaborar projetos para ver se conseguimos o apoio financeiro”, espera.

Apesar de no ano passado o cancelamento da Famuse, a Feira de Artesanato dos Municípios do Seridó, que há 37 anos é realizada, tradicionalmente, no mês de julho, em Caicó, ter afetado a comercialização do bordado seridoense, as vendas previstas para ocorrer na feira migraram para a internet. “Sou aposentada e trabalho com o bordado há 60 anos, período em que ouvi muito as pessoas falarem que o bordado vai acabar. Mas nunca acreditei nessa profecia, porque nós temos o saber fazer e o acabamento diferenciado. E com o selo, o nosso bordado tende a se valorizar ainda mais”, ressalta Iracema.

Para suprir a ausência da Famuse, o Cracas está produzindo peças e organizando um desfile de uma coleção de roupas bordadas, desenvolvida por um estilista da regiãol. “Vamos mostrar as nossas tradições culturais e a temática da seca em peças do vestuário, que serão vistas pelo mundo inteiro, via internet”, anuncia. Iracema lembra que algumas artesãs de Timbaúba dos Batistas produzem peças do vestuário para grifes do eixo Rio-São Paulo. A expectativa da presidente do Cracas é expandir o mercado consumidor, alcançado o comércio exterior, ganhando literalmente o mundo.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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