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12 de Fevereiro de 2020

Sociedade Brasileira de Pediatria lança manual com orientações sobre uso de telas e internet

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Deu em O Globo:

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou na terça-feira (11) um manual de orientação aos pais sobre os riscos  da exposição às telas, internet e redes sociais à saúde de crianças e adolescentes. O documento destaca a influência familiar no uso desregrado das telas. A atenção da família dada à criança ou adolescente pode ser considerado um fator de risco ou de proteção para o desenvolvimento de problemas ligados à era digital. O guia mostra que a causa de alguns problemas sociais geralmente está associada à negligência ou deficiência na relação dos filhos com os pais e a família. Um dos exemplos, é o uso das redes sociais pelos adolescentes como válvula de escape.

O manual também estabelece novas indicações práticas para o uso de telas, como o limite máximo de 2 horas por dia de exposição para crianças entre 6 e 10 anos. Orienta também que adolescentes com idades entre 11 e 18 anos fiquem, no máximo, 3 horas diante de telas, inclusive de videogames. Os pais nunca devem deixá-los "virar a noite" jogando. "Crianças em idades cada vez mais precoces têm tido acesso aos equipamentos de telefones celulares e smartphones, notebooks, além dos computadores que são usados pela família, em casa, nas creches, em escolas ou até em restaurantes, ônibus, carros, sempre com o objetivo de fazer com que a 'criança fique quietinha'',  diz texto do estudo.

"Isto é denominado de distração passiva, o que é muito diferente do brincar ativamente, um direito universal e temporal de todas as crianças e adolescentes". A pediatra Susana Fenon, do Grupo de Trabalho de Saúde na Era Digital da SBP, afirma que a limitação vale para todos os tipos de telas. ''Não é a mesma relação que tínhamos com a TV há duas gerações. A tecnologia hoje é muito íntima, fazendo com que a nossa saúde e tempo sejam afetados diretamente, sobretudo nas crianças e adolescentes''.

Uso de telas por bebês

A SBP desaconselha o uso de telas por bebês: "O olhar e a presença da mãe/ pai/família é vital e instintivo como fonte natural dos estímulos e cuidados do apego e que não podem ser substituídos por telas e tecnologias".  De acordo com a SBP, o atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem é frequente em bebês que ficam passivamente expostos às telas, por períodos prolongados e problemas de sono são cada vez mais frequentes e associados aos transtornos mentais precoces em crianças e adolescentes.

Segundo a pediatra, é mito pensar que oferecer tecnologia às crianças, inclusive bebês, vai aumentar seu QI, conhecimento sobre tecnologia ou habilidades cerebrais. “Ao contrário, o estímulo precoce cerebral não é integral. Pesquisas científicas mostram que se a gente proporciona tecnologia de acordo com a idade, maturidade, de forma equilibrada e monitorada, aí sim será um uso saudável que terá repercussão cerebral, evitando riscos à saúde''.

Videogames

Em relação aos jogos de videogames, a SBP diz que o que era uma distração passa a ser uma solução rápida para desaparecerem sentimentos perturbadores e emoções difíceis com as quais as crianças e adolescentes ainda não aprenderam a lidar:

“A dependência dos jogos, inclusive de teor violento, mas que trazem desafios e recompensas, impede que enfrentem os problemas que contribuíram com este estresse tóxico e a liberação do cortisol, criando um ciclo vicioso de ansiedade e depressão. O tecnoestresse se torna ainda mais problemático, por perda da empatia, crescente irritabilidade e agressividade, causando alterações do comportamento, do relacionamento familiar e social, de transtornos de aprendizado e escolar, além de diversas outras doenças”, destaca o documento.

A SBP alerta também  que devido à faixa de onda de luz azul presente na maioria, o brilho das telas contribui para o bloqueio da melatonina e para a prevalência cada vez maior das dificuldades de dormir e manter uma boa qualidade de sono. Existe também o aumento do estresse pelo uso indiscriminado de fones de ouvido (headphones) em volumes acima do tolerável, podendo causar trauma acústico e perda auditiva irreversível,  induzida pelo ruído.

Pesquisa

O documento da SBP cita a pesquisa Tic Kids Online – Brasil de 2018, feita com 2.964 famílias de crianças e adolescentes brasileiros com idades entre 9 e 17 anos. O estudo indica que 86% deles estão conectados — com a variação entre 94% e 95% nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e 75% nas regiões Norte e Nordeste.  

Este uso ocorre pelo telefone celular em 93% das vezes, com compartilhamento de mensagens instantâneas (80% sexo feminino e 75% sexo masculino), uso de redes sociais (70% sexo feminino e 64% sexo masculino), fotos e vídeos (53% sexo feminino 44% sexo masculino), jogos online (39% sexo feminino e 71% sexo masculino) e off-line (56% sexo feminino e 65% sexo masculino), além de assistir a vídeos, filmes e programas ou séries na Internet (83%). Da amostra, 82% tem perfil em redes sociais.  

Foram relatados conteúdos sensíveis sobre alimentação ou sono por 20%, formas de machucar a si mesmo por 16%, formas de cometer suicídio por 14% e experiências com o uso de drogas por 11%. Cerca de 26% foram tratados de forma ofensiva (discriminação ou cyberbullying) e 16% disseram ter tido acesso às imagens ou vídeos de conteúdo sexual.  

Dentre as famílias participantes, 24% dizem ficar muito tempo na Internet e 25% afirmam não ter conseguido controlar o tempo de uso, mesmo tentando passar menos tempo na Internet. “Estes dados demonstram não só a relevância dos riscos à saúde, de maneira geral, mas também riscos para transtornos de saúde mental e problemas comportamentais, segundo os atuais critérios  sobre dependência digital”, diz o estudo.

Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/sociedade-brasileira-de-pediatria-lanca-manual-com-orientacoes-sobre-uso-de-telas-internet-24243140?versao=amp

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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