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07 de Agosto de 2023

Setor fotovoltaico do RN busca alternativas para manter o ritmo de vendas em 2023

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 Nos últimos dois anos, o mercado de energia solar fotovoltaica do Rio Grande do Norte experimentou um expressivo aquecimento nas vendas dos sistemas para microgeração distribuída, com crescimento acima da curva em relação a outros estados do Nordeste e do país. Em 2022, mais de 34% das empresas tiveram faturamento, cujo volume ultrapassou a casa dos R$ 10 milhões, e, em quase a metade dos negócios do segmento, os valores foram acima dos R$ 6 milhões. O número de projetos comercializados foi superior a 500 unidades instaladas para cerca de 69% das integradoras potiguares.

Pelo estudo, a maioria das integradoras tem a atuação voltada de fato para a área fotovoltaica. Foto: ASN Nacional

A constatação vem de um estudo inédito realizado pelo Sebrae no Rio Grande do Norte junto às empresas que integram a Associação Potiguar de Energias Renováveis (APER) para traçar panorama do segmento fotovoltaico no estado, em especial o de geração distribuída. Para 2023, as perspectivas são semelhantes, no entanto, a previsão é que o crescimento não ocorra na mesma intensidade e velocidade.

O freio tem muito a ver com a abertura do chamado Mercado Livre para a compra de energia elétrica no Brasil pelos consumidores do grupo A (de média e alta tensão) a partir de 2024 e a entrada em vigor, no início de janeiro deste ano, da Taxa de Utilização do Sistema de Distribuição (TUSD), uma cobrança pela ligação de novos projetos de painéis fotovoltaicos à rede de distribuição de energia, como explica a gerente do Polo Sebrae de Energias Renováveis, Lorena Roosevelt.“O payback continua sendo muito bom, porém a existência de uma taxação leva o consumidor a ponderar e fazer mais contas antes de contratar a instalação”.

Para manter os níveis de vendas diante desse cenário, as integradoras terão de investir mais na qualidade do serviço, em ações de marketing e também no pós-venda. Com crescimento veloz ou em ritmo mais gradual, fato é que o ramo de energias limpas vai permanecer como principal tendência, independente de fatores pontuais do mercado.

Tanto que que as células e painéis fotovoltaicos já figuram entre os principais itens mais importados pelo estado nos sete primeiros meses do ano, chegando a movimentar mais de US$ 108 milhões. E a pesquisa sugere os reflexos desses investimentos nas perspectivas de faturamento em 2023 a partir da visão das integradoras do RN. 34,5% delas esperam encerrar o ano com um faturamento entre R$ 3 milhões e R$ 10 milhões, enquanto outra parcela (20,7%) projeta vendas superiores a essa faixa.

“As variações naturais fazem com o mercado passe por essa reorganização e as empresas do setor, para manter o ritmo de crescimento nas vendas, começam a enxergar a necessidade de qualificação e de melhoria dos serviços, pois ainda existe muito mercado a ser explorado, inclusive nos estados vizinhos ao Rio Grande do Norte”, garante Lorena Roosevelt.

De acordo com a gerente, a partir do levantamento do Sebrae e da APER foi possível identificar as necessidades das integradoras e traçar um plano anual de metas, que inclui realização de eventos, elaboração de materiais com conteúdos e dados técnicos do segmento e sobretudo consultorias especializadas para otimizar a gestão. “O mercado solar muda com muita velocidade e é importante que as empresas passem a monitorar o mercado com maior cuidado, percebendo as mudanças no curto prazo”, explica Lorena Roosevelt.

Apresentação da pesquisa

Apresentação dos dados do setor ocorreu nesta semana no Polo Sebrae de Energias Renováveis. Fotos: Juliana Lira

Os principais resultados do estudo foram apresentados na última quarta-feira (2), durante evento realizado no Polo Sebrae de Energias Renováveis, instalado no Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis (CTGas-ER). A ideia é que os dados sirvam de parâmetro para elaboração de ações estratégicas que ampliem mercado para as empresas ligadas à associação e melhorem a gestão desses negócios.

O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-RN, Itamar Manso Maciel, destacou a importância da pesquisa como forma de identificar no Perfil do Associado da APER as demandas dos empresários do setor e entender como está o mercado como um todo para adotar as ações necessárias para o fortalecimento do setor. O diretor superintendente do Sebrae-RN, José Ferreira de Melo Neto, também participou da apresentação dos resultados do estudo e considera as informações fundamentais para nortear a política de ações da instituição voltadas para o segmento.

“Vejo com muita simpatia a presença da APER no Polo Sebrae de Energias Renováveis. Quem tem informação sempre sai na frente. Tanto do ponto de vista da informação sobre o setor, quanto sobre cada empresa em relação ao sistema. Dessa forma, os resultados poderão resultar na criação de políticas de atuação do Sebrae para o setor”, avalia Melo.

Para o presidente da Associação Potiguar de Energias Renováveis (APER), Cássio Maia, o estudo é importante para detalhar o perfil das empresas e o setor como um todo. “Nosso mercado é um mercado muito dinâmico, que, há sete anos quase inexistia, e vem passando por mudanças. Assim, conseguimos entender qual o perfil da empresa, como estão reagindo às mudanças, se estão capacitadas, quais são as principais dores e as oportunidades que vislumbram no mercado”. Segundo o executivo da associação, o levantamento vai servir para a entidade se posicionar nas iniciativas e adotar ações necessárias para que o mercado seja cada vez mais sustentável.

“Essas informações são relevantes para as nossas tomadas de decisão nas ações e planos para as próximas atuações da APER. A gente precisava entender quais eram os anseios dos empresários associados. Pautados nisso, temos algumas demandas junto à concessionária local para que melhore a comunicação, com o tempo de resposta dos projetos solicitados e também algumas demandas vinculadas à liberação de crédito por parte das instituições financeiras”, anuncia.

Os números da pesquisa mostram que, mesmo se tratando de ramo promissor, as empresas que nele operam no estado ainda fazem pouco uso de ferramentas estratégicas, tanto para o serviço em si quanto para o gerenciamento do empreendimento. O estudo revela que somente 13,3% utilizam ferramentas automatizadas de marketing e 46,7% das integradoras pesquisadas não usa a tecnologia para automatizar a geração de propostas para novos clientes, por exemplo.

E falta de instrução não deve ser o empecilho, já que o estudo comprovou que o setor é composto predominante por homens (90%), com idade entre 30 e 50 anos (66,7%) e quase 80% possuem formação superior completa ou incompleta. A maioria das empresas tem menos de dez anos de mercado e praticamente a atuação é voltada de fato para a área fotovoltaica, embora algumas tenham mais de um hub de atuação com atividades secundária.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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