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23 de Novembro de 2023

Setor eólico prevê geração de mais de 1 milhão de empregos e mais participação feminina

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A implantação de parques eólicos no Brasil deverá gerar mais de 1 milhão de empregos até o ano 2038, com 85% das vagas em operação e manutenção concentradas no Nordeste e predominância de oportunidades para profissionais na área técnica. 

Os dados fazem parte de um estudo detalhado nesta quarta-feira (22), em Natal, no Fórum de Energias Renováveis promovido pelo Sebrae-RN, com apoio do SENAI do Rio Grande do Norte e da Federação das Indústrias do estado (FIERN). 

A programação segue até as 17h desta quinta, no Hotel Holiday Inn.

Empregos

Intitulado “Criação de Empregos no setor eólico brasileiro”, o estudo apresentado no evento  estima a demanda futura por mão de obra especializada e aponta, ainda, tendência à expansão da participação feminina no setor.

No campo da energia eólica offshore, observa que a atividade “requer uma base multidisciplinar de conhecimento nas áreas de mecânica, elétrica, física, software, engenharia civil e de oceanografia, além da necessidade de profissionais no setor integrarem competências em meteorologia, saúde, meio ambiente e segurança, no contexto do gerenciamento de projetos de alta complexidade em todas as fases do ciclo de vida do projeto e da cadeia de fornecedores”.

Os dados foram originalmente publicados em outubro de 2020, mas uma nova edição, revisada, foi lançada em 2023. (Clique aqui para acessá-la)

Oportunidades

O documento traz estimativas de curto, médio e longo prazos para criação de empregos na cadeia produtiva principalmente do onshore, ou seja, em atividades voltadas a parques eólicos em terra. 

Mas, segundo o consultor Jorge Boeira, que participou do estudo e apresentou os resultados no painel “Profissionais do Futuro: Empreendedorismo e empregabilidade no setor energético”,  do Fórum de Energias Renováveis, não há dúvidas, de que as oportunidades serão potencializadas com a futura implantação de parques eólicos também no mar. 

Os primeiros projetos do tipo estão à espera de licenciamento no Brasil, a maioria deles na costa de estados nordestinos. Só para o Rio Grande do Norte há, pelo menos, 10 projetos cadastrados, com potência somada de 17,8 Gigawatts (GW). O número representa quase 10% do previsto até agora para o país e o dobro da capacidade atual existente nos parques terrestres do estado.

 “O offshore é muito diferente do que vemos hoje no onshore. Emprega muito mais gente e, no processo de instalação, está muito mais próximo às qualificações exigidas na cadeia produtiva de óleo e gás. O perfil do trabalhador tem mais diversidade”, disse Boeira. 

Durante a apresentação, ele observou que “no O&M (a área de operação e manutenção), cada vez que se insere mais energia eólica em um estado, abre-se perspectiva de geração de emprego na manutenção e na operação durante mais ou menos 20 ou 25 anos, que é o tempo útil de um parque eólico”. 

O estudo foi desenvolvido a pedido da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio do Projeto Profissionais do Futuro, que reúne os Ministérios da Educação (MEC) e de Minas e Energia (MME) com a agência pública alemã GIZ.

Amora Vieira, diretora do CTGAS-ER, do SENAI-RN, observou, no evento, que presença das mulheres em programas de educação profissional para o setor vem aumentando

Mulheres

Outra conclusão apresentada aponta que há perspectiva de aumento da participação feminina na força de trabalho do ramo.

Dentro das salas de aula, o movimento em direção à mais diversidade e igualdade de gênero já vem sendo percebido, disse, também no painel, a diretora do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, Amora Vieira. 

A demanda de empresas do setor por programas de capacitação que estimulam a participação feminina tem crescido nos últimos anos, segundo a executiva, resultando em iniciativas como a formação da primeira turma de mulheres especialistas, no RN, em operação e manutenção de parques eólicos. 

A especialização, concluída no segundo semestre deste ano, foi promovida pela AES Brasil e executada pelo CTGAS-ER, principal centro de formação profissional do SENAI no Brasil para o setor de energia eólica e centro nacional de excelência para soluções de educação em desenvolvimento no país, em conjunto com a Alemanha. O curso foi oferecido de forma gratuita e certificou 73 alunas. 

“Pegando o cenário do SENAI do Rio Grande do Norte, de 2018 até agora, 2023, nós tivemos um crescimento significativo na participação de mulheres nos cursos tecnológicos. Em 2018 elas representavam 9%. E hoje nós temos 32%. É importante a gente reforçar que esse é um caminho que também pode ser seguido, para se trilhar carreira numa indústria de energia eólica ou solar, por exemplo”, destacou Amora Vieira.

Especialização em operação e manutenção de parques eólicos exclusiva para mulheres, concluída este ano no RN, foi citada como exemplo da busca feminina por qualificação profissional

O painel também teve a participação de Lorena Roosevelt, gestora do Polo Sebrae de Energias Renováveis, e de Danilo Ribeiro, responsável pela área de operações com foco em planejamento da Vestas, líder mundial na fabricação, venda, instalação e manutenção de aerogeradores em parques eólicos. 

Há oito anos atuando no setor, Ribeiro frisou que “competência técnica, com cunho comportamental, além de habilidades para resolução de conflitos e negociação são chaves para atuação profissional no setor de energia eólica”.

A necessidade de investimentos em soft skills – termo em inglês usado para definir habilidades comportamentais – foi ressaltada por todos os participantes da discussão. “As vagas existem, estão disponíveis, mas é preciso ter preparação”, disse Amora Vieira. “Além de soft skills e hard skills (habilidades técnicas), para empreender no setor também é preciso ter competência gerencial”, complementou Lorena Roosevelt, do Sebrae.

Fórum de Energias Renováveis continua nesta quinta e terá oficina gratuita do SENAI-RN e da Vestas para professores de matemática 

O Fórum de Energias Renováveis continua nesta quinta-feira (22), quando um dos destaques na programação será a primeira oficina “Ensino do futuro: práticas escolares em energia”, que o CTGAS-ER, do SENAI-RN, e a Vestas promovem a partir das 15h10.

A ação – a primeira de um projeto conjunto das instituições nas áreas de inclusão e diversidade – tem como foco a apresentação de inspirações para o desenvolvimento de exercícios e outras atividades para aulas de matemática no estado, líder nacional em geração de energia eólica. O público-alvo são professores e professoras do 1º ano do Ensino Médio.

Foram disponibilizadas 50 vagas. As inscrições, já encerradas, foram realizadas de forma gratuita.

Os conteúdos na programação serão ministrados por membros da equipe de Operação & Manutenção (O&M) da Vestas, com mediação do CTGAS-ER.

De acordo com Amora Vieira, diretora do Centro, a oficina trará um panorama da indústria eólica e exemplos de enunciados possíveis para questões que incluam o setor, como inspiração para aplicação em exercícios realizados nas salas de aula. Os supervisores da área de O&M da Vestas, Lucas Castro, Mario Gomes da Silva e Michell Andrade, conduzirão as atividades.

“A ideia do projeto surgiu a partir de um convite que o SENAI do Rio Grande do Norte recebeu da Vestas, este ano, para fazer parte do grupo de diversidade e inclusão da empresa”, explica a diretora do CTGAS-ER. 

“Em meio às discussões que travamos no contexto do grupo, pensamos em várias possibilidades de atividades envolvendo educação e considerando que a empresa tem profissionais trabalhando cotidianamente com situações que envolvem números e soluções de problemas, com dados, pensamos ‘por que não trazer isso para as salas de aula?’ e o ensino da matemática foi naturalmente escolhido para início do projeto”, complementa ela.

A intenção, segundo as instituições envolvidas, é despertar o interesse de estudantes para a área, que cresce no Brasil e pode ser encarada como potencial campo de atuação profissional no futuro.

“Nós pensamos no primeiro ano do ensino médio porque ali estão adolescentes entrando na reta final da formação na escola e que devem estar pensando que rumo de carreira seguir, que curso, qual graduação ou curso técnico. Esse projeto ajuda no entendimento do que é energia eólica, do porquê isso está acontecendo no estado, do porquê o Rio Grande do Norte é líder na produção do setor e planta uma semente naquele professor ou professora, que serão os multiplicadores desse conhecimento em sala de aula”, observa Amora.

SAIBA MAIS

O Fórum de Energias Renováveis começou nesta quarta-feira (22) e segue até esta quinta, 23 de novembro, no Hotel Holiday Inn, em Natal. A programação aborda temas atuais e relevantes do setor, como: Transição energética, Marco Legal e Novas Perspectivas, Armazenamento de Energia, Energia Eólica Offshore e Hidrogênio Verde, Inovação e Tecnologia em Energias Renováveis, Diversidade e inclusão no mercado energético, Mudanças climáticas e descarbonização. Para mais detalhes e inscrições, acesse: https://forumdeenergias.com.br/.

Fotos: Renata Moura

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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