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02 de Outubro de 2023

“Setor de energia precisa de política industrial no Brasil”, defendem ABEEólica, SENAI-RN e empresas em evento

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O setor de energia eólica registrou forte expansão no Brasil, nos últimos anos, e, para seguir em crescimento no futuro – quando investimentos no offshore e em hidrogênio verde também aparecem no horizonte – a criação de uma política industrial focada na atividade é vista como fundamental.

A opinião foi defendida pela Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), por empresas e pelo SENAI do Rio Grande do Norte, no evento “Transição Energética como vetor para a promoção de Investimento, Emprego e Renda”, promovido pelo Núcleo Energia do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e o Consulado Geral do Reino dos Países Baixos no Rio de Janeiro. 

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A discussão teve como convidados a presidente da ABEEólica, Elbia Gannoum, o diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello, a head de Energias Renováveis da Shell, Gabriela Oliveira,  e Luís Sayão, da gerência de Socioeconomia da Arcadis. A moderação foi realizada por Rafaela Guedes, Senior Fellow do CEBRI. 

Contexto global

Dentro do contexto que o setor vive, Gannoum citou a China como exemplo de país que faz realmente uma política industrial e que outros players globais, como Estados Unidos e Europa, também seguem na direção de uma política industrial específica para a atividade. “Porque energia é realmente um segmento de infraestrutura que tem um efeito multiplicador muito grande. É um vetor de crescimento e desenvolvimento por definição. E agora na discussão de clima, de mudanças climáticas, transição energética, principalmente pós-covid, nós vimos este movimento dos países no sentido até de recuperação econômica”, disse ela, defendendo que o Brasil também se movimente com essa perspectiva. 

“Quando nós falamos de transição energética no Brasil e daí não só para energia elétrica, nós precisamos pensar numa série de aparatos regulatórios necessários para que de fato façamos a transição energética e sobretudo para que transformemos essa transição energética em vetor de investimento. Nós estamos com muitas variáveis nas mãos para que a gente faça essa tão sonhada política industrial que o Brasil precisa”, disse a executiva, mencionando o ambiente regulatório que tem avançado em discussões. 

“Agora, temos que saber que não será uma política industrial como os Estados Unidos, tampouco como a Europa. O Brasil tem características muito distintas, principalmente o orçamento, então a gente precisa ter cuidado em como vai ser esse desenho de política”, acrescentou. 

“A necessidade de encarar o desenvolvimento do setor para captação de investimento e na perspectiva de desenvolver pessoas, gerar oportunidade para pessoas, ampliar o que aconteceu nos últimos”, foi apresentada pelo diretor do SENAI-RN e do ISI-ER durante o evento.

“Hoje a gente está num momento interessante para discutir essa política industrial porque a gente já tem 15 anos de funcionamento e crescimento desse setor”, observou ele, destacando o impacto econômico da instalação dos parques no país e, especialmente no Nordeste e no Rio Grande do Norte – maior produtor nacional de energia eólica.

Empregos

Nacionalmente, disse o diretor, a atividade foi responsável pela criação de 200 mil empregos diretos e de 100 mil indiretos nacionalmente. “Esse é um setor que se instalou e se desenvolve em especial nas regiões mais pobres do Brasil, notadamente Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará, nos piores IDHs (Índices de Desenvolvimento Humano) do Brasil, nas regiões que têm maior dificuldade de captação de investimento pela baixas opções de investimento em atividades econômicas”, frisou ele. 

Resultados de uma análise realizada pelo Observatório da Indústria MAIS RN – Núcleo de Gestão Estratégica da FIERN – a pedido do SENAI, também foram citados pelo executivo como exemplos dos impactos dessa indústria. De acordo com os dados, municípios com parques eólicos no Rio Grande do Norte deram um salto nos últimos anos em geração de riquezas, empregos e criação de negócios. 

“Houve um crescimento na diversidade econômica, pensando em desenvolvimento econômico e regional, não só no desenvolvimento industrial. E uma coisa absolutamente interessante é a gente conseguir enxergar esses investimentos gerados por conta da transição energética analisando tudo isso que aconteceu. Entender que essa atividade – de energias renováveis – tem uma extrema capilaridade regional, ou seja, ela está envolvida no estado como um todo, presente em todas as camadas sociais”, complementou Mello, ressaltando que “o setor precisa de uma política industrial especial e urgente”. 

A longo prazo, ele visualiza novos frutos da magnitude colhida pela indústria onshore, agora, com a adição dos investimentos offshore e investidas ligadas ao hidrogênio renovável. “Desde que resolvamos agora uma política industrial séria”.

No campo da educação profissional e da pesquisa aplicada, o diretor destacou que a demanda é aquecida e que o SENAI tem desenvolvido uma série de soluções já voltadas para o offshore, para o hidrogênio e a produção de combustíveis avançados

Sayão, da Arcadis, defendeu que uma potencial política industrial de energia brasileira esteja associada a políticas públicas para que essa transição energética favoreça a todos que estão envolvidos nela. “Tem que se criar políticas para que o crescimento alcance as pessoas. Essa distribuição, hoje, não acontece para todos os que estão naquele território (onde os parques se instalam). É preciso criar políticas para que isso aconteça”. O consultor defendeu esforços conjuntos, que envolvam governos, empresas e sociedade nesse processo. 

Décio Oddone, especialista do Núcleo Energia do CEBRI e diretor-presidente da Enauta, e Niels Veenis, cônsul geral adjunto dos Países Baixos no Rio de Janeiro, participaram da abertura e do encerramento do evento. 

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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