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29 de Novembro de 2021

Professora da UFRN está entre as 50 cientistas de destaque na formação de pesquisadores

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“Queridas companheiras, não desistam dos seus objetivos, tampouco dos seus sonhos. O caminho é árduo, tudo é muito desafiador, mas conseguiremos superar e chegarmos aonde quisermos. Se quiserem, vocês conseguirão ser grandes cientistas.” Carregada de emoção, foi assim, que se expressou a professora Eliza Maria Xavier Freire, docente da UFRN, única pesquisadora do estado a ser citada em um estudo que escolheu as 50 mulheres de destaque científico, considerando o trabalho delas na formação de novas gerações de pesquisadores. Com 32 mil selecionadas, o levantamento foi realizado pelo imunologista Helder Nakaya, pesquisador sênior do Hospital Israelita Albert Einstein, e publicado nas redes sociais em forma de diagrama, utilizando uma árvore genealógica acadêmica como metodologia.  

Um banco de dados, criado por pesquisadores da Universidade Federal do ABC (UFABC), sobre genealogia acadêmica, foi utilizado para encontrar nomes importantes da ciência, com foco no protagonismo feminino. Esse banco de dados tem municiado estudos sobre genealogia acadêmica e vem sendo objeto de consulta e de pesquisadores interessados em traçar o impacto de seu trabalho na geração de recursos humanos. A equipe buscou nomes de pesquisadoras ainda vivas em registros, como o da Academia Brasileira de Ciências (ABC), e incluiu outras de que se lembrava. 

A professora Eliza conta que estar nessa lista representa o resultado de seu esforço e dedicação empreendidos para atuar na pesquisa, formação e qualificação de recursos humanos, além de uma grande satisfação pessoal e profissional como docente e cientista. “Inacreditável que eu seja uma das 50 cientistas que mais formou pessoas em nível de Pós-graduação, a única da UFRN. Muito grata a todos os meus alunos/orientandos; sem eles não conseguiria”, comentou.

A formação de estudantes na universidade é um desafio, repleto de barreiras e uma longa jornada acadêmica, que começa na graduação e continua no decorrer dos anos. Enfrentar e superar barreiras com competência e brilhantismo, adjetivos que perseguem o cientista no decorrer da sua formação, é difícil, e o apoio do corpo técnico da universidade, é essencial. A professora Eliza Freire sabe muito bem disso. Docente da UFRN em Ciências Biológicas, ela enfrentou anos na universidade entre especialização, mestrado e doutorado – ambos em ciências biológicas –, no meio disso tudo, muito aprendizado, estudantes, orientandos, pesquisas e conquistas. 

A docente enfatiza a importância de bons investimentos como fator essencial para uma boa formação humana e acadêmica e relata o impacto disso para a transformação do mundo. “É um grande desafio, mas possível de ser superado, desde que haja um maior aporte financeiro, com reconhecimento por parte do Governo Federal de que se trata do maior investimento para se ter um grande país. Investimento em Educação de qualidade, Ciência e Tecnologia é fundamental e imprescindível para superar todas as adversidades e transformar o mundo”, disse ela.

Com mais de 30 anos de atuação na UFRN, atualmente professora titular, a pesquisadora, considera que ainda pode contribuir para a comunidade científica e acadêmica. “Me considero no auge da carreira acadêmica, sou professora titular e, a menos que seja acometida por alguma doença que interrompa meus planos, pretendo continuar contribuindo com a ciência e o ensino na UFRN. Me aposentarei quando avaliar que não estarei mais contribuindo; tenho planos para, além de formar pessoas, publicar os vários trabalhos que ainda estão engavetados, especialmente os de descrição de novas espécies para a ciência”, comentou.

Eliza sabe bem que tem muito a contribuir com a comunidade acadêmica e científica. Ela relembra o passado pobre, em uma família numerosa, mas com pais sábios, que sempre a incentivaram a estudar, para alçar novos horizontes. Sobre as inspirações para chegar aos objetivos traçados ao longo da carreira, disse que as coisas foram acontecendo naturalmente. “Na verdade, eu não cheguei a traçar, de fato, meus objetivos. Como integrante de uma numerosa família pobre, como tantas no Nordeste, decidi enfrentar para melhorar minha vida, por meio do estudo e da educação, e segui adiante disposta a superar todas as adversidades”, relatou.

Adversidades pelo caminho ela coleciona, pois teve de lutar muito para se tornar cientista. “Infelizmente, o preconceito e o machismo ainda imperam. Conciliar a maternidade com a ciência é algo próximo do impossível. Eu, particularmente, enfrentei enormes desafios por ser mulher, nordestina, pioneira no estudo de cobras e lagartos, ter ficado pai e mãe de duas crianças com quatro e dois anos (criei sozinha a partir destas idades). Como superei? Não sei, mas consegui chegar até aqui”, finaliza a pesquisadora.

Arte: Helder Nakaya

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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