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19 de Outubro de 2023

Pesquisadoras de excelência: Propesq/UFRN contribui para ampliar número de mulheres com bolsas de produtividade no CNPq

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Karen Oliveira e Paiva Rebouças – Agecom/UFRN

O Brasil é um país feminino, em que mais da metade da população é formada por mulheres. Elas também são maioria na educação básica e na universidade, mas na ciência os números ainda são extremamente desiguais. Isso pode ser comprovado pela distribuição das  bolsas de Produtividade em Pesquisa (PQ) e de Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora (DT), concedidas a pesquisadores de excelência pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Apesar dos avanços que vêm sendo observados, só 35,6% das bolsas PQ estão nas mãos das mulheres.

Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o quadro é bem semelhante: do total de 237 pesquisadores com bolsa PQ e dez pesquisadores com bolsa DT, apenas 34,2% desse total são mulheres. No entanto, o cenário já foi pior e tem mudado significativamente nos últimos anos. Entre 2016 e 2023, a Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq) registrou um aumento de 76% no número de mulheres com bolsas PQ. As pesquisadoras atuam em 38 áreas, com maior predominância na psicologia, na genética e na educação. Nas ciências humanas, elas dominam, ocupando 57,4% das bolsas, mas nas ciências exatas representam apenas 12%.

De acordo com a pró-reitora de pesquisa, Silvana Zucolotto, também bolsista PQ, a Universidade vem estimulando, nos últimos anos, o crescimento de mulheres na pesquisa na Instituição por meio do financiamento interno, como o edital Bolsista Produtividade. Neste, pesquisadoras que tiveram indicação do mérito científico no edital do CNPq, mas não foram contemplados devido ao ponto de corte, poderão concorrer ao edital interno financiado pela Propesq. Ainda, todos editais publicados pela Propesq, como políticas de inclusão voltadas às mães, incluem um ano a mais de avaliação na pontuação das pesquisadoras que estiveram em licença maternidade no período de avaliação.

A pró-reitoria também planeja lançar editais de financiamento especificamente destinados a mães pesquisadoras, com políticas de inclusão para mulheres pretas e pardas. De acordo com Silvana, outro fator de incentivo ao aumento feminino na pesquisa é que grandes empresas parceiras da Universidade estão cada vez mais interessadas em promover a diversidade e contam com o apoio de universidades. Para isso, estão sendo planejados programas de contratação que envolvem a diversidade das equipes.

Silvana, à direita, e Olívia estão no comando da Propesq desde junho de 2023 – Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

Também bolsista PQ, a pró-reitora-adjunta da Propesq, Olívia Morais de Medeiros Neta, explica que, para diminuir a disparidade, a Pró-Reitoria vem realizando, ainda, mapeamentos e estudos sobre esse cenário para produzir ações que estimulem a formação, a candidatura e a produção de mulheres pesquisadoras, com a finalidade de diminuir tais assimetrias. “Talvez, devamos nos preocupar mais com as especificidades de cada área e pensar por que nas ciências humanas há mais mulheres como bolsistas e, nas ciências da vida, ocorre a inversão na proporção entre mulheres e homens. E, no caso das ciências exatas, o número é distinto das demais áreas, com predominância de cerca de 88% de homens e 12% de mulheres”, afirma.

De acordo com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), apesar de não haver discrepâncias relevantes entre homens e mulheres no que diz respeito à produção acadêmica e científica, o acesso a bolsas e ao topo da carreira científica no Brasil é substancialmente mais limitado para as mulheres. Exemplo disso é que, quanto maior o nível da bolsa, menor é o número de mulheres pesquisadoras. As bolsas PQ/CNPq são divididas em cinco níveis, com o mais baixo sendo 2, no qual as mulheres representam 37,7% do total, e o mais alto o 1A, em que são apenas 27,2%.

Lucymara já realizou dezenas de pesquisas pela UFRN – Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

Lucymara Fassarella, professora do Departamento de Biologia Celular e Genética (DBG/UFRN) e bolsista PQ do nível mais alto, confirma essa realidade. “Ainda vemos uma predominância de homens nos postos mais elevados. Assim, a maior dificuldade (para as mulheres) é a ascensão na carreira e a visibilidade”, diz. Mas Lucymara, que é pesquisadora de produtividade desde 2004, percebe uma mudança. “Tivemos um crescimento no número de mulheres com acesso à formação científica. As políticas voltadas à redução de desigualdades, entre elas a de gênero, são fundamentais para dar oportunidade de crescimento pessoal e profissional”, reforça.

Ela e outras pesquisadoras reforçam a importância de ter mulheres atuando nos campos acadêmicos. “A representatividade feminina na pesquisa e em outros setores é fundamental para mudanças nas políticas e práticas na sociedade, tornando as instituições mais inclusivas e proporcionando um ambiente de trabalho mais equitativo para todos”, defende.

Para Sibele Pergher, docente do Instituto de Química (IQ) e bolsista PQ desde 2008, mulheres pesquisadoras vêm ganhando mais reconhecimento graças a prêmios específicos para elas. Sibele é presidente da Sociedade Brasileira de Catálise, na qual criou o prêmio Mulher na Catálise, e foi pró-reitora de Pesquisa da UFRN até o começo deste ano. “Acho importante a mulher estar representada na pesquisa, também como uma forma de mostrar para outras mulheres que é possível sermos o que quisermos, basta querer”, completa.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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