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09 de Maio de 2021

Pesquisa inédita vai mapear diversidade e acesso ao mercado de trabalho no Brasil

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Conhecer as necessidades e dificuldades das empresas para propor novas soluções para inclusão da diversidade nos ambientes corporativos. Esta é a proposta do projeto “Diversidade Aprendiz: Aprendizados para um futuro inclusivo”, realizado em parceria entre a Somos Diversidade, a Organização Internacional do Trabalho – OIT e o Ministério Público do Trabalho – MPT. A partir da próxima segunda-feira (03), a iniciativa colocará em campo uma pesquisa inovadora voltada para compreender melhor as barreiras de entrada para minorias no acesso ao mercado de trabalho formal. A população-alvo prevista para a formulação dessas soluções inclui migrantes e refugiados, população negra, LGBQIA+ (com ênfase em pessoas transexuais ou transvestigêneres), pessoas com deficiência, com idade acima de 50 anos, egressos e egressas do sistema penitenciário ou pessoas que estão em liberdade assistida, pessoas de baixa renda e moradoras e moradores de periferia.

Estatísticas socioeconômicas já permitem compreender muitas das desigualdades de acesso a educação, trabalho e moradia no país. Dados da Síntese de Indicadores Sociais 2019 do IBGE demonstram, por exemplo, que o rendimento médio de brancos era em média, 73,9% maior do que o de pretos e pardos. No mesmo ano, mulheres ocupavam 37,4% dos cargos gerenciais e recebiam 77,7% do rendimento dos homens. As taxas de desemprego também são maiores para mulheres e pessoas negras, e quatro entre dez pessoas extremamente pobres eram mulheres pretas ou pardas de acordo com aquele relatório.

Pensando a partir do lado gerencial, o relatório “Diversity Matters” da empresa de consultoria McKinsey & Company, líder mundial no mercado de consultoria empresarial, demonstrou que a inclusão da diversidade faz bem para empresas e funcionários. A publicação foi elaborada a partir de uma pesquisa que pesquisou milhares de empresas com mais de 500 funcionários no mundo todo. Nas empresas da América Latina que os funcionários descreviam como comprometidas com a igualdade, mais de 60% dos funcionários pesquisados se declararam felizes com seu emprego. O ambiente de trabalho também se mostrou mais acolhedor para novas ideias, diálogo no interior das equipes e recebimento de feedback dos clientes. E os números são ainda mais impressionantes quando pensamos em performance financeira: segundo o relatório, essas empresas tinham 93% de chance de superar seus concorrentes.

A pesquisa do projeto Diversidade Aprendiz busca preencher a lacuna entre esses dois campos de dados, pensando quais são os entraves para acolhimento e promoção das diferenças nas empresas abertas à inclusão diversidade e como profissionais podem melhorar suas chances de contratação. "Esta pesquisa visa mapear quais são as competências necessárias nas vagas de porta de entrada, ou seja, as vagas de base dessas empresas que vão responder ao questionário”, explica Maite Schneidercoordenadora da Somos Diversidade e Embaixadora da Rede da Mulher Empreendedora. “Entendendo essas demandas, entendendo quais são os gargalos, quais são os gaps de competência que essas empresas encontram, será possível entender como preparar essas pessoas através de capacitações e outros programas e posteriormente inseri-las no mercado de trabalho”, ela complementa. Thaís Dumet Faria, Oficial Técnica em Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho para América Latina e Caribe (OIT), comenta possíveis impactos do projeto: “Com esses resultados será possível construir uma estratégia de formação profissional direcionada à demanda de mercado, apoiar as empresas na criação ou ampliação das suas políticas de diversidade e garantir a promoção do trabalho decente no contexto da crise oriunda da pandemia da COVID-19 e no processo de retomada econômica”. Reinaldo Bulgarelli, Secretário Executivo do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, também ressalta a importância das parcerias: “Promover oportunidades iguais, tratamento justo e respeitoso para todas as pessoas, exige parcerias inovadoras entre empresas e organizações variadas da sociedade. São essas parcerias que irão resultar em ambientes de trabalho com maior diversidade e efetiva inclusão”.

A pesquisa está dividida em 3 blocos temáticos, em um formulário online que leva de 10 a 15 minutos para ser preenchido. Entre os temas, estão pontos que podem facilitar ou dificultar contratações para as vagas de porta de entrada (e o que os recrutadores buscam), a situação de inclusão e diversidade dentro das empresas, e o perfil da empresa cujos funcionários responderam as questões. A iniciativa espera coletar ao menos 500 respostas vindas de gerentes de RH e outros gestores em cargos de alto nível decisório, como CEOs e VPs, de empresas em todo o território nacional, e posteriormente selecionar uma amostra de 10% dos respondentes para entrevista em profundidade. “São informações que requerem que façamos perguntas diretamente aos recrutadores e recrutadoras, não são questões para as quais encontramos respostas no banco de dados de um órgão público”, explica Ana Maura Tomesani, cientista social responsável pela elaboração do questionário e proprietária da empresa de pesquisa Práxis Informação e Estratégia: “os dados existentes nas plataformas de dados oficiais permitem a construção de um diagnóstico mais geral, mas não são capazes de revelar as engrenagens seletivas internas a estas empresas”.

Dados relativos às populações alvo, ao perfil das empresas participantes e seus processos de contratação demandam controle no tratamento. “São dois tipos de dados que exigem atenção. Os dados pessoais de pessoas vulneráveis por alguma condição social, e dados de empresas, que precisam ter seu segredo de negócio protegido”, comenta Luiza Louzada, advogada e pesquisadora na área de proteção de dados pessoais. O projeto observa as disposições da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), e a segurança dos dados é garantida por termos de confidencialidade.

O lançamento da primeira etapa da pesquisa acontecerá através de um webinar na terça-feira, dia 11/05, às 19h, em link a ser divulgado na data nas redes sociais do grupo – Instagram e LinkedIn.

 

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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