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29 de Junho de 2022

Pesquisa: brasileiro usa mais TV do que computador para acessar a internet

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Deu no Valor Econômico:

O número de domicílios com acesso à internet em áreas rurais e urbanas aumentou durante a pandemia. O celular continuou como principal canal para acessar a internet, mas de 2019 a 2021, a televisão ultrapassou o computador.

Os dados são da pesquisa TIC (tecnologias da informação e comunicação) Domicílios, feita pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). O Cetic.br faz parte do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

Em 2019, 51% dos domicílios rurais tinham acesso à internet - em 2021, a fatia subiu a 71%. Nas áreas urbanas, eram 75% dos domicílios em 2019, e 85% no ano passado.

O estudo mostra que, em relação ao dispositivo usado para conexão, a TV ultrapassou o computador. Em 2014, apenas 7% das pessoas acessavam internet pela televisão, índice que disparou para 50% em 2021. Enquanto isso, o uso do computador caiu de 80%, em 2014, para 36%, em 2021. O celular é o campeão para acesso à internet - saindo de 76%, em 2014, para 99%, em 2021.

Segundo Fabio Storino, coordenador da pesquisa, o acesso à internet por meio da TV é principalmente para atividades culturais como assistir filmes, séries, esportes e programas, e ouvir música.

“Vamos acompanhar essa tendência, ainda restrita a conteúdos audiovisuais. Mas é possível que a televisão assuma funcionalidades de um computador, assim como ocorreu com os celulares, e o número de usuários cresça ainda mais”, diz o pesquisador. Em 2019, o número de pessoas que acessavam internet pela TV era de 49,5 milhões, passando para 74,5 milhões em 2021.

De acordo com os autores do levantamento, um dos motivos para a expansão da conectividade nas áreas rurais é o aumento do número de provedores regionais (ISPs) que usam fibra. Segundo a pesquisa TIC Provedores, de 2017, existiam cerca de 2 mil empresas desse tipo no Brasil. Em 2020, esse número chegou a aproximadamente 6 mil. Além disso, houve um empenho de governos e de empresas do setor para fomentar a expansão digital durante a pandemia.

“Os provedores desempenham papel importante na expansão da conectividade para a entrada de municípios mais afastados. O desafio, agora, é a última milha: levar a fibra para as áreas mais afastadas dessas regiões e chegar na casa das pessoas”, afirma Storino.

Apesar do aumento da rede de fibra, nas áreas rurais ainda há forte presença de conexão via satélite e rádio. Nestas regiões, os domicílios que utilizam fibra representam 39%; seguido por rede móvel (20%); satélites (10%); rádio (9%); xDSL, no qual a estrutura de cobre é utilizada (1%); e discada (1%). Nas áreas urbanas, a fibra tem amplo domínio (64%); seguido pela rede móvel (17%); satélite (4%); rádio (2%); e xDSL (2%).

A desigualdade digital permanece, mas diminuiu nos últimos anos. Na estratificação por faixa de renda, 100% dos domicílios da Classe A têm acesso à internet. Na Classe B, o número é de 98%; na Classe C, 89%; e nas Classes D e E, 61%. Ao longo dos últimos anos, no entanto, a diferença de casas conectadas entre as Classes A e D e E diminuiu. Em 2015, havia um abismo de 89 pontos, índice que caiu, no ano passado, para 39 pontos.

Os pesquisadores alertam que uma conexão limitada e menos diversificada diminui as chances da população desenvolver habilidades digitais e usufruir de tudo o que a internet pode fornecer como aplicativos, compras, educação e serviços.

Do total de usuários da internet, 64% fazem uso exclusivo do celular para se conectar. Na Classe A, esse índice é de 32%, enquanto nas Classes C e D, é de 89%. De acordo com os pesquisadores, o uso exclusivo do celular para conexão limita as possibilidades trazidas pela digitalização da sociedade.

“A desigualdade digital, por um lado, é reflexo das desigualdades de renda, gênero, etária e cor da sociedade brasileira”, diz Storino. Para ele, “a falta de conexão acentua ainda mais as diferenças sociais do país”.

De acordo com o levantamento, exemplo desse acesso de baixa qualidade está no tipo de uso que os usuários fazem ao se conectar. As três principais atividades realizadas na internet são envio de mensagens instantâneas (93% dos usuários); conversar por chamada de vídeo ou voz (82%); e uso de redes sociais (83%). Por outro lado, atividades mais elaboradas têm número de usuários menor: 54% leem jornais, revistas ou notícias; 50% acompanham transmissões de áudio ou vídeo em tempo real; 50% buscam informações sobre saúde; e 46% fazem transações financeiras.

“Antigamente, quando se falava em democratizar o acesso à internet, pensava-se apenas na expansão da conectividade. Hoje, as políticas públicas precisam levar em conta, além desse fato, a qualidade do acesso, com ampliação de velocidade e dados trafegados, o que aumenta as chances da população buscar emprego, renda e educação”, afirma Storino.

A TIC Domicílios mostrou ainda que, em 2021, 81% da população de 10 anos ou mais usou a internet nos últimos três meses - o que corresponde a 148 milhões de indivíduos, enquanto 9,6 milhões de pessoas têm outras frequências de uso. O número de pessoas que não utilizam a internet ainda é grande, de 35,5 milhões.

Entre as atividades culturais buscadas na internet, 56% dos usuários assistiram vídeos, programas, filmes ou séries; a mesma porcentagem dos que ouviram música.

Outro fenômeno foi o aumento de pessoas que escutam podcasts. Em 2019, eram 17,7 milhões de ouvintes, número que passou para 41,2 milhões no ano passado. O maior crescimento aconteceu na Classe C - de 8 milhões para 20,9 milhões. “Os podcasts já existem há muito tempo fora do Brasil. Aqui, a primeira geração de usuários escutava programas em inglês. Hoje, há muito conteúdo em português e grande divulgação”, diz o chefe da pesquisa.

A TIC Domicílios é realizada anualmente desde 2005. Em razão das medidas da pandemia do coronavírus, em 2020, a pesquisa foi realizada preferencialmente pelo telefone. Em 2021, o levantamento voltou a adotar um modelo de coleta integralmente presencial. Os dados foram reunidos entre outubro de 2021 e março de 2022, e incluiu 23.950 domicílios e 21.011 indivíduos de 10 anos ou mais.

Fonte disponível em: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/06/22/brasileiro-usa-mais-tv-do-que-computador-para-acessar-a-internet.ghtml

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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