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05 de Janeiro de 2024

Neuroengenheiro do ISD integra equipe que investiga comportamento humano e saúde mental em isolamento na Antártica

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Quais contribuições para a ciência um continente praticamente inabitado como a Antártica pode oferecer? As pesquisas do Programa Antártico-Brasileiro (PROANTAR) buscam, desde 1982, responder esse questionamento em áreas como meio ambiente, saúde e comportamento humano. É nesse contexto que, dentre pesquisadores de vários países, o pernambucano Gabriel Lins, Neuroengenheiro formado pelo Instituto Santos Dumont (ISD), representa o Brasil na missão do “SaúdeAntar”, que busca compreender melhor os aspectos humanos no contexto do isolamento antártico.

Promovido pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em parceria como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Instituto de Pesquisas Heloísa Marinho (IPHM), o SAÚDEANTAR fortalece o desenvolvimento de estratégias para a manutenção da saúde mental em ambientes Isolados, Confinados e Extremos (ICE). 

Graduado em Biomedicina, Gabriel Lins é o primeiro de sua área a participar de pesquisas e do desenvolvimento de tecnologias voltadas para a saúde na Antártica. Ele é um dos pesquisadores imersos no contexto de isolamento, atuando na investigação de como as condições materiais e simbólicas da vivência impactam a origem e o desenvolvimento de manifestações psíquicas. 

Segundo o Neuroengenheiro, a pesquisa é composta por duas grandes fases, sendo a primeira focada na aquisição de dados sociodemográficos, emocionais e de aspectos específicos, como a qualidade do sono e a implementação de um sistema de teleatendimento holográfico. A segunda, que inicia em 2024, traz inovações tecnológicas para processos já existentes na atuação do projeto. 

“A próxima fase passa a se chamar “SAÚDEANTAR-IA”, ao qual tenho minha maior participação”, explica Gabriel Lins. Sua atuação se dará no desenvolvimento de um aplicativo que irá substituir as cadernetas físicas (utilizadas pelo grupo para a coleta de dados), na análise dos dados e, por fim, na implementação de sistemas de Inteligência Artificial (IA) para o desenvolvimento de ferramentas de apoio clínico, visando melhorar a precisão e sensibilidade do atendimento.

O pesquisador relata que já havia tido contato com a inteligência artificial durante a graduação, enquanto usuário. Durante o Mestrado em Neuroengenharia no ISD, Lins começou a se aprofundar mais neste campo de conhecimento, e desenvolveu como projeto de mestrado um sistema de apoio à decisão clínica no formato de aplicativo, solução similar à tecnologia que está produzindo na Antártica. 

“A experiência da pós-graduação trouxe muitos benefícios, não apenas diretamente ligados ao projeto. Por exemplo, quando cheguei na Estação Antártica Comandante Ferraz, onde comecei a conversar com a Marinha, que é o nosso principal apoio nesse deslocamento, pude verificar algumas barreiras que eles têm, tanto em navios como na aviação, que poderiam ser resolvidos por soluções que nós temos na Neuroengenharia”, pontua o biomédico. 

Partindo da Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira na Antártica, a equipe de sete expedicionários fez um percurso de dois dias para chegar à ilha James Ross, onde irão acampar por 40 dias, desenvolvendo as pesquisas do projeto em total isolamento. 

Questões centrais dos estudos do SAÚDEANTAR incluem as correlações entre o ciclo circadiano, que é o ritmo no qual o organismo executa funções ao longo do dia, e diferentes estados de humor. Além disso, os pesquisadores buscam compreender melhor os papéis sociais no ambiente antártico, estratégias de coping (enfrentamento) no ambiente adverso do isolamento e outros aspectos relacionados à saúde mental. O trabalho é feito a partir de uma abordagem multidisciplinar, que vai da Psiquiatria e Psicologia Polar e Meio Ambiente e Saúde, aos estudos de Gênero, Corpo e Sexualidade, Matriciamento Remoto e Telessaúde.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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