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20 de Novembro de 2020

Mulheres empreendedoras, negras e muito bem posicionadas no mercado

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Resistência e uma luta constante para sair de uma posição de minoria, conscientizando que sucesso e talento não são medidos por tom de pele. No Dia da Consciência Negra no Brasil, comemorado em 20 de novembro, empreendedoras potiguares negras contam como é estar no mercado, as dificuldades e as estratégias para levar o negócio adiante.

Uma dessas mulheres é Wilza Santos, que está à frente da marca Caju Maria Ateliê. A jovem produz roupas e acessórios, sobretudo bolsas, com bastante identidade e as peças carregam sutilmente um traço dessa negritude. Porém, assim como muitos outros empreendedores afrobrasileiros, encontra barreiras para driblar e deixar em segundo plano algo que é extremamente natural e humano, a cor da pele, para ter sucesso.

“Sou uma mulher preta, fazendo moda no Rio Grande do Norte. E não vim de classe média, não tenho família que trabalha com moda, que tenha aberto as portas para mim. Estava no mercado de trabalho, na minha área de formação, que é o turismo, mas eu escolhi sair por me sentir subutilizada. Tive várias promoções, mas um cargo de liderança e só consegui entender depois que sai e que vi que era um racismo muito velado, que continua ocorrendo agora no empreendedorismo.”, analisa a empreendedora, que foi atendida pelo Sebrae no Rio Grande do Norte com a metodologia  do Programa de Desenvolvimento das Economias Inclusivas e Criativas (DICE) – do inglês Developing Inclusive and Creative Economies.

  

Um exemplo claro da dificuldade vivida no segmento da moda é na hora da participação em feiras e eventos. “Em vários editais abertos, você vê a maioria dos participantes é branca. Se você pega uma feira de design, feiras de artesanato maiores, dificilmente você vai ver uma mulher preta retinta, de pele retinta, nesse lugar, tendo o seu negócio. Elas são mais exceção ainda”.

Wilza acredita que ainda é preciso desmitificar determinados padrões. “O que se vê, no topo, as empreendedoras de sucesso, que as mostram como tal, são geralmente mulheres brancas. Independente da classe social de cada uma, elas são brancas”.  Ela pensa que a mulher negra precisa ter um melhor posicionamento diante de si mesmo. “Quando eu me coloco como mulher preta, eu sou mulher preta, mas eu tenho total consciência das minhas possibilidades. Quando a gente toma consciência de que somos mulheres pretas nesse nicho de empreendedores que estão dando certo, é que a gente assume esse papel de abrir mesmo, de começar a agregar, de começar a puxar outras”.

Já a artesã Deth Haak tem um pensamento diferente. Ela, que é conhecida na Vila de Ponta Negra, em Natal, pelos chapéus, turbantes e tiaras que produz, tem um olhar mais otimista, afirmando que a cor da pele pouco tem interferido no sucesso do negócio. “Deth Raak, que tem uma marca chamada Poesia na Cabeça, a cor da pele não interfere no meu negócio. Haja visto o sucesso que fazem meus turbantes em todas as exposições que eu participo. E no meu ateliê, é a mesma coisa: as loiras ou as brancas, as mestiças, as mulatas, todas freqüentam”.

A artesã empreendedora diz que nunca atentou se pelo fato de ser negra sofrer alguma influência negativa ou positiva na hora das vendas. “Nunca prestei atenção no fato da minha pele ser negra, interferir no meu negócio. Aliás, quem tem o Sebrae dando o suporte, está além de tudo isso”, conclui Deth.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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