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08 de Março de 2021

Mulheres de cor negra totalizam 58% das empreendedoras potiguares

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No Brasil, há uma maior proporção de empreendedoras brancas, que representa 51% do total. No entanto, a proporção da raça/cor negra cresce no centro norte do país e o Rio Grande do Norte segue essa tendência. 58% das empresárias se declaram negras. O dado faz parte do mapeamento’ O Empreendedorismo Feminino no Brasil’, elaborado pelo Sebrae. Margarida Sônia é uma dessas empreendedoras. Além de negra, ela integra o percentual revelado pelo estudo que indica que  6% das mulheres potiguares desenvolvem uma atividade no setor da agropecuária.

Sônia é uma das agricultoras do assentamento Santa Maria, na agrovila Tabuleiro Alto, na cidade de Ipanguaçu, e, desde 2007 formalizou-se, tornando-se dona do seu próprio negócio, uma área de produção de legumes e hortaliças. “Saí de uma sala infantil, onde eu era cuidadora, para cuidar da minha terra, plantar, e me tornar a Margarida de hoje, uma agricultora”, conta a produtora de agroecológicos.

Inicialmente, a atividade era para consumo próprio, uma maneira de garantir uma boa alimentação para a família, mas a produção acabava gerando excedente. Daí surgiu a ideia do negócio: oferecer kits de vegetais, com uma variedade de até 35 tipos de hortaliças. “Tiro o sustento da minha família como mulher empreendedora, negra e agricultora que sou, desse sistema de produção. Faz toda diferença na vida dessa família, de resistência”, diz Margarida Sônia, que vive na comunidade com o companheiro e cinco filhos.

Sobre a presença da mulher negra à frente de um negócio, a agricultora declara: “Me considero uma mulher negra, protagonista da minha própria história. Tenho orgulho de ser e execer a pessoa que sou. Me sinto feliz por entender que outras mulheres me têm como referência. Por isso, me considero uma pessoa resistente, empoderada. Mas isso só aconteceu depois da oportunidade de ter meu negócio”, lembra Sônia.

 

Margarida Sônia tem uma trajetória de lutas e batalhas, sendo na região uma pioneira nessa ideologia de equidade de gênero. a microempreendedora individual já esteve à frente da  associação de agricultores da agrovila, a coordenadora de políticas voltadas para as mulheres dentro da assistência social do sindicato dos agricultores e chegou até a se candidatar. “Eu posso dizer uma coisa: há 25 anos eu não podia ser assentada em uma área de assentamento, onde eu moro, nem ter o registro da minha candidatura como vereadora. E hoje tudo isso me foi possível, o que é muito gratificante. Como é interessante o papel da mulher na sociedade. A gente já conseguiu muito e precisamos avançar mais. As mulheres têm, sim, que ocupar os seus próprios espaços”, conclui a pequena produtora rural.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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