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25 de Julho de 2019

Mudanças no Facebook reprimem o jornalismo e interferem nas democracias, diz especialista em mídia digital

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A interferência russa em eleições de outros países por meio de manipulações tecnológicas e uso de redes sociais para a disseminação de desinformação com o objetivo de desmoralizar democracias é um tema recorrente. Nos Estados Unidos a preocupação é ainda maior, e os russos muitas vezes são acusados de serem responsáveis por problemas criados por outros. Com a aproximação das eleições norte-americanas de 2020, a Rússia está novamente na sala de reconhecimento dos criminosos cibernéticos. Mas os Estados Unidos não têm dado a devida atenção, segundo a professora Jennifer Grygiel, da Syracuse University, ao papel decisivo do algoritmo do Facebook nesse tipo de interferência ao reprimir o conteúdo jornalístico, objeto de amplo estudo da professora.

“Agentes políticos sabem que o Facebook serve como um guardião das dietas informativas de mais de 200 milhões de norte-americanos e 2 bilhões de usuários em todo o mundo. Ações e abuso de outras pessoas nas plataformas geraram muita preocupação e discussão pública, inclusive sobre quanta desinformação e propaganda os norte-americanos viram antes da eleição. O que não foi falado o suficiente é o efeito que as mudanças algorítmicas do Facebook tiveram no acesso a notícias e democracia”, escreve Jennifer, especializada jornalismo digital, no site The Conversation.

A professora lembra que o algoritmo do feed de notícias do Facebook determina o que os usuários veem em sua plataforma – de memes engraçados a comentários de amigos. Esse algoritmo é atualizado regularmente pela empresa do Vale do Silício, o que pode mudar drasticamente as informações que as pessoas consomem. “Um contraponto chave para a campanha de desinformação russa [em 2016] foi o jornalismo factual de fontes respeitáveis. Como pesquisadora e educadora de mídias sociais, vejo evidências de que mudanças no algoritmo do feed de notícias do Facebook impediram o acesso dos usuários ao jornalismo confiável no período que antecedeu a eleição de [Donald] Trump”, diz.

Em meados de 2015, destaca Jennifer, o Facebook introduziu uma grande mudança de algoritmo que desviou os leitores do jornalismo e das notícias para fornecer mais atualizações de seus amigos e familiares. A mudança foi feita em linguagem amigável, sugerindo que o Facebook estava tentando garantir que os usuários não perdessem histórias de amigos. Na prática, um dos efeitos da mudança foi reduzir o número de interações que os usuários do Facebook tinham com fontes de jornalismo.

Agora, pesquisa mais recente do Centro Shorenstein de Harvard mostra que o tráfego do Facebook continuou a diminuir significativamente para os publishers após nova mudança do algoritmo do Facebook em janeiro de 2018. Ao mesmo tempo, pesquisa sobre a tecnologia de recomendação da rede social são muito limitadas, uma vez que a empresa não fornece informações suficientes. “Acredito que é importante entender por que [as mudanças] aconteceram e considerar as decisões de negócios do Facebook mais diretamente, bem como elas afetam a democracia”, afirma Jennifer.

Não há provas de que as mudanças do Facebook tenham intenções políticas, afirma a professora. “Mas não é difícil imaginar que a empresa possa ajustar seus algoritmos no futuro, se quiser”, completa. Por isso, Jennifer defende medidas para impedir alterações no algoritmo nos períodos prévios antes das eleições. “No setor financeiro, por exemplo, ‘períodos de silêncio’ antes de grandes anúncios corporativos buscam evitar que os esforços de marketing e relações públicas influenciem artificialmente os preços das ações”, pondera a professora. Proteções semelhantes a essa barreira à manipulação corporativa, defende Jennifer, poderiam ajudar impedir que agentes políticos ou qualquer empresa com controle significativo sobre o acesso dos usuários à informação usem algoritmos e sistemas de plataformas digitais para moldar a opinião pública ou o comportamento de voto.

Fonte: ANJ, disponível em: https://www.anj.org.br/site/component/k2/73-jornal-anj-online/21236-mudancas-no-algoritmo-do-facebook-reprimem-o-jornalismo-e-interferem-nas-democracias-diz-especialista-em-midia-digital.html

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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