Novidades sobre comunicação, educação, empreendedorismo, tecnologia, inovação e muito mais.

01 de Dezembro de 2021

Mostra do Bordado de Caicó no Rio revela beleza e tradição do artesanato

[0] Comentários | Deixe seu comentário.

A partir do dia 7 de dezembro, os famosos bordados de Caicó, município distante 283 quilômetros de Natal, estarão em exposição no CRAB – Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro, no Rio de Janeiro. Com curadoria do designer Renato Imbroisi, a exposição revela a diversidade e a tradição do Bordado de Caicó, conhecido no Brasil e no mundo por sua beleza, regionalidade, excelente qualidade e acabamento impecável.

A mostra permanecerá até o dia 6 de março de 2022 e traz também renovação em criações desenvolvidas nas oficinas dirigidas pelo curador junto com a designer e ilustradora Lui Lo Pumo. Ali, foram criadas novas peças e temáticas, em parceria com as bordadeiras. São temas representativos do universo cultural e ambiental da caatinga, com novos riscos, muitos dos quais feitos pelas próprias bordadeiras, ou por Lui Lo Pumo, inspirados na canção “O Rabo do Jumento” de cantor e compositor Elino Julião, nascido em Timbaúba dos Batistas, que foi gravada, inclusive, em parceria com Lenine e é conhecida por todas as artesãs da região.

Em mais de 200 peças bordadas, objetos e referências culturais, o visitante da exposição vai poder vislumbrar o universo do Bordado de Caicó, que vem sendo passado de mãe para filha desde meados do século 19. Sua origem remonta à chegada de famílias vindas da Ilha da Madeira, em Portugal, para o Rio Grande do Norte. Sob influência dessas imigrantes, as mulheres daqui começaram também a fazer esse tipo de bordado, que adquiriu feições locais, sem perder traços de sua origem. Na exposição, uma saia bordada em 1906 e outros objetos centenários de um acervo familiar revelam a ancestralidade desta arte. Uma tela da artista plástica potiguar Ariell Guerra, filha de família caicoense, representando a região, foi transposta para tecidos bordados e tudo isso estará exposto.

Atualmente, centenas de bordadeiras fazem desta prática seu sustento ou colaboram de maneira significativa para a renda familiar, ao mesmo tempo em que se tornam empoderadas e vivenciam a satisfação pessoal de criar e produzir artesanato bonito, valorizado e bem aceito no mercado. A atividade do bordado profissional possibilita manter famílias em regiões cidades do interior do estado, mesmo em tempos de estiagem, quando os recursos vindos da agricultura se tornam escassos. E também que mães tenham ocupação remunerada enquanto cuidam dos filhos e da casa.

Signo de Indicação de Procedência

Atento à relevância cultural e econômica desta prática, o Sebrae do Rio Grande do Norte realizou ações que contribuíram para a obtenção do Signo de Indicação de Procedência, concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), e que foi solicitado há alguns anos pelo Comitê Regional das Associações e Cooperativas do Seridó (CRACAS), entidade representativa de artesãs e artesãos do Seridó. O Signo foi concedido em 2020.

Em 2021, o Sebrae também estabeleceu parcerias e realizou ações de capacitação para as artesãs, por meio do projeto em parceria com o Instituto Riachuelo, vinculado ao Grupo Guararapes, com aulas para formação e aperfeiçoamento nos pontos do Bordado de Caicó e aulas de risco.

O bordado de Caicó se caracteriza, ainda, por ser produzido em máquinas de costura de pedal. Rococó à mão. Para manter seu trabalho dentro das especificações do chamado Bordado de Caicó, as artesãs só podem utilizar 12 pontos: ponto cheio, richelieu, matiz, costurado, rococó à mão, rococó à máquina, aberto ou bainha, turco, rústico, quebra-agulha/espinho, crivo e granito.

É definido geograficamente por ser praticado em 12 cidades da região do Seridó do Rio Grande do Norte: Caicó, Timbaúba dos Batistas, São Fernando, Serra Negra do Norte, Acari, São João do Sabugi, Jardim do Seridó, Ipueira, Cruzeta, São José do Seridó, Jucurutu e Ouro Branco.

Além das peças de decoração, moda, cama, mesa, banho e enxoval para recém-nascido, a exposição traz novas linhas de produtos, inclusive com apresentação de vídeo do desfile da coleção de moda Bonito pra Chover, realizada este ano. Foi produzido ainda um documentário sobre o Bordado de Caicó pelo Sebrae e que poderá ser assistido na exposição.

No dia 7 de dezembro, a exposição será aberta ao público. Será realizada uma aula demonstrativa da prática deste bordado, também apenas para convidados.  Peças bordadas de Caicó serão comercializadas no Espaço Vitrine CRAB.

Sobre o CRAB

O Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), criado em março de 2016 no Rio de Janeiro, tem como missão promover o artesanato nacional e contribuir para qualificar a imagem dos produtos feitos à mão no Brasil. Em suas galerias estão ou passaram importantes trabalhos de artesanato, revelando histórias, origens e territórios do país.

Abriga ainda uma coleção permanente de mais de 1.500 itens de todos os tipos, que representam a expressão da cultura popular e da criatividade brasileira. Entre as obras mais significativas estão algumas cerâmicas de Zezinha do Vale de Jequitinhonha (MG), de João Borges (Teresina-PI), João das Alagoas (Capela-AL), Maria Sil (Capela-AL) e as esculturas em madeira de Abelardo dos Santos (Ilha do Ferro-PI). O CRAB também dispõe de midiateca e espaços multiuso, como um auditório de 100 lugares e salas para oficinas e workshops. Os ambientes são destinados à capacitação, formação, especialização, pesquisa e experimentação.

Atualmente, o CRAB tem novo desafio: o de se conectar com o todo o país, para reposicionar e qualificar estrategicamente o artesanato no Brasil e capacitar os agentes da sua cadeia produtiva. Para isso, foi criado em outubro do ano passado um comitê nacional, com oito membros do Sebrae Nacional e dos Sebraes de outros estados, para apoiar o CRAB nessa nova etapa.

Localizado na Praça Tiradentes, no Centro da cidade, lugar de memória urbana e um importante distrito criativo do Rio de Janeiro, o espaço do CRAB possui uma estrutura moderna e sofisticada que convive com o padrão construtivo do século XVIII. Esse complexo arquitetônico está regido pela legislação de proteção aos bens tombados pelo IPHAN, na esfera federal; pelo INEPAC, na estadual; e pelo IRPH, órgão municipal. Os três prédios fazem parte do Corredor Cultural do Rio Antigo, criado para preservar áreas históricas.

Fotos: Jorge Luiz

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

+ Leia mais

Categorias