Novidades sobre comunicação, educação, empreendedorismo, tecnologia, inovação e muito mais.

13 de Novembro de 2023

Livro publicado pela EDUFRN concorre na semifinal do Prêmio Jabuti

[0] Comentários | Deixe seu comentário.

O livro A notável história do Homem-Listrado, de autoria da artista plástica naturalizada brasileira Fayga Ostrower, foi selecionado na fase semifinal do Prêmio Jabuti deste ano. A obra concorre no eixo Produção Editorial, na categoria Ilustração. A edição foi toda ilustrada por Ostrower e organizada por Ana Caldas Lewinsohn, professora do Departamento de Artes (Deart/UFRN).

A publicação é uma homenagem à artista-educadora, que dedicou sua vida às artes plásticas e à educação artística. A obra marca também uma parceria entre o Núcleo de Arte e Cultura (NAC/UFRN), que financiou a edição impressa, e a Editora da UFRN (EDUFRN), responsável por toda a produção editorial.

Gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, teórica da arte e professora

Nascida em 1920 na cidade de Lodz, Polônia, chegou ao Brasil com apenas 13 anos de idade, na condição de emigrante, fugindo da perseguição nazista aos judeus. Em 1954, realizou sua primeira exposição individual abstrata e começou a dar aulas de teoria da arte no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/Rio), marco inicial da trajetória como educadora. A partir desse ano, a carreira de Ostrower deslanchou. 

Em 1955, recebeu uma bolsa para estudar arte em Nova York, onde passou um ano. Em 1957, recebeu o Prêmio Nacional de Gravura na 4ª Bienal de São Paulo. Em 1958, veio o reconhecimento internacional: foi laureada com o Prêmio de Gravura da Bienal de Veneza. Segundo o crítico de arte Wilson Coutinho, essa premiação elevou o status da gravura brasileira ao da pintura e da escultura. Cursos foram abertos e uma geração inteira dedicou-se à gravura, tornando-a um dos pilares do modernismo brasileiro.

Foi presidente da Associação Brasileira de Artes Plásticas entre 1963 e 1966. Em 1969, a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, publicou um álbum de gravuras suas, feitas entre 1954 e 1966. De 1978 a 1982, presidiu a comissão brasileira da International Society of Education through Art (Insea), da Unesco. A artista faleceu no Rio de Janeiro, em 2001, em decorrência de complicações de câncer. 

Processo editorial

Fayga Ostrower escreveu e ilustrou a obra em 1947, com o objetivo de presentear a primeira criança da família nascida no Brasil após a imigração em 1933, o sobrinho Peter Lewinsohn. A família guardou o único exemplar original por anos, mas, em 2018, Ana Lewinsohn, sobrinha de Peter, viu o livro pela primeira vez, encantou-se com os desenhos, as ilustrações e a narrativa e decidiu publicá-lo.

Helton Rubiano, editor de publicações da EDUFRN, relata que o livro chegou à editora antes da pandemia, no contexto da doação de parte do acervo de artes plásticas da autora à UFRN. “A EDUFRN foi convidada para uma reunião no NAC, pois a professora Ana, organizadora da obra, informou que havia um material produzido por Fayga que poderia tornar-se um livro. Eram lâminas que continham as ilustrações e o texto em língua estrangeira”, conta.

“Assim, aceitamos o desafio de transformá-lo numa obra. Havia o trabalho de tradução já realizado. A EDUFRN ficou responsável pela programação visual”. Nesse aspecto, é importante destacar o trabalho na concepção do projeto do chefe do setor de Design Editorial da editora, Rafael Campos. “Foram recriados os caracteres (a letra de Fayga) para a composição do texto em português, além de seguir a paleta de cores já utilizada por Fayga nas ilustrações originais. Tudo isso deu elegância e unidade visual à obra”, relata Rubiano.

Ana Caldas Lewinsohn explana o quanto o momento é especial e emocionante. “Desde que vi o livro original pela primeira vez, um único exemplar feito de forma artesanal pela Fayga, tive a certeza de que era algo excepcional, com um valor imensurável. A poesia visual, a história tão significativa e o fato de ter sido o único livro infantil produzido por ela. Fayga tem o reconhecimento pela sua forte representação nas artes plásticas e na arte-educação, com publicação de muitos livros sobre a área, mas essa faceta de escritora e ilustradora para a infância era ainda inédita. Eu decidi, naquele instante, que tinha uma certa missão a cumprir, de fazer a obra chegar ao conhecimento de muitas pessoas. A indicação do prêmio Jabuti só vem somar e validar essa primeira intuição que tive, da qualidade e da importância dessa obra”, declara.

prêmio literário mais tradicional do Brasil

Concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), o Prêmio Jabuti foi criado em 1959 e idealizado por Edgard Cavalheiro, considerado o mais importante biógrafo de Monteiro Lobato, com o interesse de premiar autores, editores, ilustradores, gráficos e livreiros que tiveram obras destacadas no respectivo período anual. Atualmente as categorias estão divididas em quatro eixos: Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação, os quais se dividem em 21 categorias, entre as quais estão: Artes, Ciências, Histórias em Quadrinhos Poesia

O Prêmio visa reconhecer e destacar a qualidade da produção literária do país, valorizando todos os participantes envolvidos na criação de livros. Busca se conectar com diferentes grupos de leitores, acompanhando as transformações da sociedade. Já foram premiados Jorge Amado, Lygia Fagundes Telles, Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu. A lista é extensa e contempla nomes que moldaram o cenário literário brasileiro.

O  corpo de jurados da 65ª Edição conta com nomes como Bernardo Ajzenberg, jornalista desde 1977 e tradutor de mais de 50 livros; Marcia Ligia Di Roberto Guidin, que atuou como professora da Universidade de São Paulo (USP); Raphael Montes, importante escritor de literatura de terror no país; Eliane Potiguara, primeira mulher indígena brasileira a ser detentora do título doutora honoris causa pela UFRJ; e tantos outros. 

A cerimônia deste ano ocorre no dia 5 de dezembro, às 20h, no Theatro Municipal de São Paulo, para convidados. O evento tem transmissão pelo canal oficial do YouTube da CBL. É possível acompanhar detalhes e atualizações por meio dos perfis do Prêmio e da Câmara no Instagram.

 

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

+ Leia mais

Categorias