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04 de Janeiro de 2019

Idealizadora do projeto Comprova dá dicas para jornalistas evitarem amplificação de desinformação

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A indústria global de notícias ainda está longe de garantir eficácia no combate à desinformação digital coordenada, que se aprimora em alta velocidade, diz Claire Wardle, diretora de pesquisa da First Draft, ligado à Universidade de Harvard. E um dos maiores desafios do jornalismo no momento, diz a pesquisadora, é compreender e impedir o sucesso de muitos agentes de desinformação que têm como objetivo final reverberar suas falsidades nos veículos de jornalismo profissional.

As táticas, afirma Calire, visam poluir o ecossistema de informação semeando conteúdo enganoso ou fabricado, na esperança de atrair jornalistas que agora recorrem regularmente a fontes online. “Ter seu boato deliberado ou rumor manufaturado caracterizado e amplificado por uma organização de notícias influente é considerado uma vitória”, alerta a pesquisadora, que sugere cinco lições básicas para fugir das armadilhas (abaixo).

Claire, idealizadora do projeto Comprova, coalizão formada por 24 veículos de mídia para combater a desinformação na eleição brasileira de 2018, reforça que a desinformação geralmente começa na web de forma anônima, se transforma em grupos fechados ou semifechados (muitos no Twitter, Facebook ou WhatsApp), em comunidades conspiratórias nos Fóruns Reddit ou canais do YouTube e, depois, em redes sociais abertas como Twitter, Facebook e Instagram.

Infelizmente, diz ela, esse processo desemboca na mídia profissional. “Isso pode acontecer quando uma informação falsa ou conteúdo é incorporado em um artigo ou citado em uma matéria sem verificação adequada”, afirma. Mas, continua, também pode ser quando uma redação decide desmascarar uma fonte de desinformação. “[Neste caso] De qualquer maneira, os agentes da desinformação venceram”, lamenta. “A amplificação, de qualquer forma, é o objetivo deles em primeiro lugar”, insiste.

Abaixo, cinco dicas de Claire que podem ajudar as redações no combate ao problema:

1. Esteja preparado: treine suas redações em táticas e técnicas de desinformação

Certifique-se de que seus planos de treinamento incluam sessões sobre habilidades de verificação digital, mas garanta que eles não estejam apenas focados em avaliar se algo é verdadeiro ou não. Certifique-se de que os participantes sejam treinados em proveniência digital, para que possam rastrear a origem de um conteúdo. Da mesma forma, garanta que seus jornalistas entendam como fazer esse tipo de trabalho com segurança.

2. Seja responsável: não dê oxigênio adicional à desinformação

Reportagens apressadas dão oxigênio desnecessário a rumores ou conteúdo enganoso que, de outra forma, poderiam desaparecer. Matérias divulgadas tardiamente, porém, significam que a falsidade tomou conta. É também um motivo para criar colaborações informais, para que as redações possam comparar as preocupações sobre as decisões de cobertura.

3. Fique atento: entenda as implicações de um público em rede

Desmistificar ou explicar conspirações, falsidades ou rumores propagados por pessoas de um determinado grupo dão a elas não apenas legitimidade, mas um conjunto de palavras-chave para seu público usar na pesquisa por mais informações. Antes da internet, essas comunidades remotas se esforçavam para se conectar porque era muito difícil para as pessoas se encontrarem cara a cara. Agora essas comunidades podem florescer.

4. Explique: não atue como estenógrafo

Quando tantas pessoas recebem suas notícias apenas de tweets, postagens no Facebook, títulos no Google News ou notificações push, a responsabilidade de como as manchetes são redigidas é mais importante do que nunca.

5. Inocule: faça mais relatórios que ajudem a explicar os assuntos que são frequentes em campanhas de desinformação

Em vez de simplesmente reagir às falsidades quando elas aparecem, qualquer reportagem que anteceda algumas das narrativas mais comuns e poderosas poderia ajudar a inocular parte da desinformação. A análise feita pelo First Draft das informações no período que antecedeu as eleições no Brasil e nos Estados Unidos, em 2018, identificou os seguintes tópicos mais comuns: tentativas de minar a integridade do sistema eleitoral; semear o ódio e a divisão com base na misoginia, antissemitismo, islamofobia e homofobia; demonizar os imigrantes; e conspirar sobre redes globais de poder.

Fonte: ANJ, disponível em: https://www.anj.org.br/site/component/k2/73-jornal-anj-online/15408-jornalismo-precisa-saber-reconhecer-e-evitar-armadilhas-que-levam-a-amplificacao-da-desinformacao-alerta-especialista.html

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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