26 de Outubro de 2018
FAZ Pro: em 31 anos de mercado, a experiência de uma agência que acompanha as mudanças da comunicação
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O Blog da Juliska dá início hoje a uma série de reportagens em parceria com o Sinapro/RN com as principais agências de propaganda do mercado potiguar, reunindo algumas das mais longevas e atuantes empresas de publicidade do Nordeste. A primeira da série é a FAZ Pro.
Por Juliska Azevedo
Não é fácil para empresas de qualquer ramo ultrapassar três décadas de vida mantendo-se na seleta lista dos destaques. Mas a área de atuação for a comunicação publicitária, que passou por rápidas e profundas mudanças durante os últimos anos, o feito de manter-se ativa e entre os melhores torna-se ainda mais digno de registro.
A FAZ Pro, que começou como Faz Propaganda, chegou em 2018 aos 31 anos, sendo alçada à condição de agência mais longeva entre as filiadas ao Sindicato das Agências de Propaganda do Rio Grande do Norte (Sinapro/RN). O publicitário e jornalista que segura o bastão do seu comando, Ricardo Rosado de Holanda – hoje ao lado das filhas Luanda e Amanda Holanda – acumula muitas histórias para contar, mesclando a trajetória da FAZ com tantos fatos e situações vividos no Brasil e no Rio Grande do Norte ao longo desse período.
Em 1987, quando a Faz começou, o universo da propaganda respirava ares bem diferentes. Os diretores de arte tinham que ser desenhistas, era o início da profissionalização da atividade, havia poucas agências em atividade. A mão de obra vinha do jornalismo e era autodidata no universo da publicidade. Quanto aos clientes, o varejo era pequeno e principal cliente, o setor público.
Ricardo Rosado já era professor da UFRN e correspondente da Folha de São Paulo em Natal, quando resolveu, junto com quatro sócios, enveredar pela publicidade. Os anúncios eram desenhados à mão e encaminhados de táxi para clientes mais distantes, como os de Mossoró, para serem aprovados. “A gente locava um táxi para ir deixar o anúncio. Quando ia visitar os clientes, já levava uma pasta com uma série de lay-outs prontos”.
Chegada da internet é a primeira grande mudança
Na década seguinte, começa a revolução da internet. Para ser uma agência antenada, era importante comprar um Macintosh. “Mesmo sem dominarmos a tecnologia, não havia nada melhor na época do que uma agência ter um Macintosh”, afirma. Ricardo guarda, em seu museu na FAZ, os primeiros celulares “modelo tijolão” da Motorola, assim como uma série de equipamentos utilizados ao longo das décadas que já estão totalmente obsoletos. “Os computadores tornaram quase infinita a possibilidade de recursos, um milhão de coisas, e de repente, tinhamos que ter novos profissionais para fazer isso. Foi a primeira grande mudança”, relata.
O terceiro momento – o atual, do universo das mídias digitais – é apontado pelo publicitário como o mais “cruel” para a publicidade clássica. “Esse momento está sendo muito cruel com a agências tradicionais. Mudou a forma de produzir, mudou a remuneração”, comenta. “Hoje se paga a publicidade para multinacionais – tudo vai para o Facebook, para o Instagram – e a agência não tem remuneração para isso. São veículos que não pagam comissão. O dinheiro da propaganda está indo para fora do país, enriquecendo empresas multimilionárias mundiais”, constata.
Ricardo Rosado comenta ainda que, para as agências que têm o cuidado meticuloso com o que é produzido, o trabalho para se fazer um anúncio para redes sociais é o mesmo de se produzir um anúncio para outdoor, para jornal, ou outros meios clássicos. “Mas o valor de produção tornou-se irrisório”.
Lembranças de outra maneira de fazer propaganda
Em duas décadas, muitos clientes, campanhas e histórias. A Faz lembra da melhor fase do mercado imobiliário do RN, de verbas pujantes e forte presença publicitária, quando um mesmo cliente, a imobiliária Caio Fernandes, chegou a publicar 360 anúncios de página inteira de jornal durante um ano. Lembra ainda do que considera o maior case da propaganda do Estado: a campanha Ofélia, para seu cliente Bain Douche – boutique famosa em Natal nos anos 80 e 90 – e que teve repercussão até fora do país. A campanha foi criada pela parceria entre Ricardo Rosado e o publicitário e amigo de longa data, Alex Medeiros.
Nos 31 anos de vida, a Faz Pro assistiu a dois impeachments. Enfrentou a inflação de 82% ao mês a deflação de 0,2%. Cortou 14 zeros na moeda, em cinco ou seis planos econômicos. Viu um desemprego de 14 milhões de pessoas. Viu uma recessão cruel. “Nesse contexto, tem que ter muita economia, austeridade. É um sacrifício que tem que ser feito”.
Desafios, dinâmica e criatividade
Atualmente, a FAZ Pro reúne, em sua sede da rua Trairi, em Petrópolis, a estrutura da FAZ Com, que trabalha com consultoria em comunicação e marketing político e a sede do PortalNoAr, site jornalístico que tem Ricardo como um dos sócios. A agência mantém uma cartela de clientes privados e públicos relevante, entre eles atende ao Governo do Estado e a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte.
“Temos a esperança que o novo governo ungido pelo voto popular, possa tomar medidas que reacendam a economia, reacendam a confiança para o investidor, tragam de volta investimentos externos. É claro que se o país sair da crise, todo mundo sai junto”, afirma.
Os próximos passos estão nas mãos de Amanda e Luanda, que têm a missão de lançar um novo olhar sobre a agência e prepará-la para o futuro. As meninas acreditam que a ordem é se reinventar quanto ao modelo de negócio, sem perder o foco na criatividade e nos resultados para o cliente. E contam com o aval de Ricardo Rosado para as decisões relacionadas à gestão.
“Estamos passando por uma transição, de um modelo em que o jornal não se acabou, ainda é preciso estrutura para os anúncios tradicionais, para os comerciais de televisão. Mas ao mesmo tempo você precisa ter uma estrutura nova para as mídias sociais. Acredito que há um superdimensionamento do alcance do universo digital, que ainda irá se acomodar”, comenta o publicitário. “Nesses 30 anos, é a fase de maiores desafios para o nosso mercado. Mas o futuro está chegando e estamos de olho nele”, afirma Ricardo.