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02 de Outubro de 2019

Facebook pode ter sabotado estudo sobre compartilhamento de notícias no site

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Parece que os planos de pesquisadores independentes vasculharem a base de dados do Facebook para analisar como a plataforma pode influenciar os resultados de uma eleição correm o risco de ser abandonados pela falta de cumprimento do combinado por parte do Facebook.

Essa história começa em abril do ano passado, quando o Facebook anunciou uma iniciativa de permitir que pesquisadores tivessem acesso a base de dados das URLs compartilhadas pelos usuários na plataforma entre 1 de janeiro de 2017 e 19 de fevereiro de 2019. Esses dados seriam compartilhados com os pesquisadores usando uma abordagem conhecida como diferential privacy (DP), um técnica estatística que permite a análise de informações de forma agregada, mas sem nenhum tipo de marcador que possa ser usado para identificar qualquer indivíduo em específico.

Esse método, que é largamente utilizado para análises de público por empresas como AppleGoogle e Uber, permitiria que os pesquisadores chegassem a conclusões relevantes sobre o uso do Facebook sem causar nenhum perigo a privacidade de seus usuários. A técnica permitiria que, por exemplo, os pesquisadores descobrissem que uma URL específica foi compartilhada 5 mil vezes por homens entre 17 e 35 anos que moram na costa leste dos Estados Unidos, mas não haveria meios de identificar quem seriam qualquer uma dessas pessoas que compartilhou essa URL.

O objetivo deste estudo seria identificar como os links de notícia, independente de serem falsas ou verdadeiras, se espalhavam entre os usuários da rede social, e então usar esses dados para entender o papel do Facebook em uma eleição presidencial — algo extremamente importante já que, desde as eleições que ocorreram em 2016 nos Estados Unidos, há uma impressão de que nenhum dos partidos parou de fazer campanha ao longo desses três anos.

Para liberar esses dados, o Facebook se aliou à Social Science One (SSO), uma comissão de pesquisa independente que iria analisar a base de dados fornecida pelo Facebook e garantir que toda aquela informação estava devidamente anonimizada e não havia meios de qualquer pessoa conseguir identificar um usuário em específico através deles.

Assim, no mês passado, o Facebook finalmente tornou público um banco de dados com 32 milhões de URLS que foram compartilhadas de forma pública (ou seja, aquelas URLS que foram compartilhadas apenas entre amigos não fizeram parte dessa base de dados), permitindo que ela fosse acessada não apenas pelos pesquisadores que fariam o estudo, mas por qualquer pessoa que tivesse o interesse de analisar esses dados.

Mas, pouco depois da publicação, as pessoas responsáveis pela pesquisa chegaram a uma constatação: aqueles dados liberados pelo Facebook não eram exatamente aquilo que a empresa havia prometido — o que fez que entidades responsáveis por patrocinar o estudo, como a Fundação Knight e a Fundação Charles Koch, ameaçassem retirar todo o suporte financeiro que deram à iniciativa, matando de vez o estudo.

De acordo com Nate Persily, um dos fundadores da SSO, as informações divulgadas não foram exatamente as que haviam sido prometidas no acordo feito com os pesquisadores pelo fato de, ao fazer a análise dos dados para garantir que a privacidade dos usuários fossem mantida, que eles descobriram o quão difícil seria liberar todos os dados prometidos de uma forma que fosse impossível identificar qualquer usuário em específico ao se fazer o estudo dessas informações.

Fonte: Canaltech, disponível em: https://canaltech.com.br/redes-sociais/facebook-pode-ter-sabotado-estudo-sobre-compartilhamento-de-noticias-no-site-151225/

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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