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30 de Dezembro de 2020

Estudo da UFRN comprova relação entre maus tratos na infância e transtornos na vida adulta

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Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que os transtornos mentais representam 13% do  total de todas as doenças, atingindo cerca de 700 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, 9,3% da população têm ansiedade, mas 80% dos brasileiros sofrem com algum tipo de transtorno mental. São muitas as causas que levam a essa condição, mas uma delas pode ter relação com maus tratos sofridos na infância, como aponta novo estudo desenvolvido por pesquisadores do Departamento de Fisiologia e Comportamento (DFS) do Centro de Biociências (CB) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

No artigo Maus-tratos precoces contribuem para distúrbios de comportamento social no peixe-zebrapublicado na Frontiers, os pesquisadores Fabiano Peres Menezes, Igo Padilha de Sousa e Ana Carolina Luchiari mostram que o estresse causado pela exposição à agressão na fase juvenil leva a um aumento do medo e do comportamento de evitação mais tarde na vida.

O  peixe-zebra foi utilizado como modelo animal deste experimento por ser bastante social, mas também porque possui 70% de semelhança genética com o ser humano. Os animais foram divididos em três grupos. Em um deles, os peixes permaneceram com seus semelhantes sem receber interferência externa, enquanto outro foi submetido ao estresse de ser removido do aquário e isolado em outro ambiente. O terceiro grupo, também isolado, foi exposto a estresses sociais durante 10 dias, causados por um peixe da mesma espécie, só que mais velho e agressivo.

Os peixes submetidos ao estresse social desenvolveram comportamentos de reclusão e ansiedade quando atingiram a fase adulta. Uma das alterações observadas foi que os animais chegaram a desenvolver o comportamento de cardume, movimento de defesa contra possíveis agressores, aos 20 dias dias de vida, o que é precoce. 

Segundo Fabiano Menezes, o peixe-zebra desenvolve esse comportamento de coesão e formação de cardume só depois de 40 a 45 dias. “Esses animais desenvolveram prematuramente essa coesão e alguns artigos indicam que isso é uma demonstração de ansiedade”, explica o pesquisador.

Entre as pioneiras no uso de animais para estudar essa correlação, a pesquisa visa a identificar os mecanismos que levam o indivíduo a desenvolver determinados comportamentos na idade adulta. Fabiano ressalta que “não só para o indivíduo é prejudicial esse tipo de abuso, mas também para a sociedade e esse é um tema negligenciado em estudos”. 

Ana Luchiari, coordenadora da pesquisa, destaca que o estudo pretende agora avaliar outros estressores. “Quais são esses comportamentos que indicam que está acontecendo alguma coisa errada? A gente quer chegar nisso”, conclui a professora.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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