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17 de Novembro de 2022

Estudantes especiais disputam hackathon educacional promovido no Sebrae

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O foco é empreendedorismo, mas também é sobre inclusão. Uma competição inédita realizada na sede do Sebrae, em Natal, contou com a participação de alunos especiais de uma escola pública e outra privada. Foi um hackaton educacional que reuniu mais de 100 estudantes do 6º ao 9º ano, dos quais três especiais com deficiências auditiva e intelectual severa, além de déficit de atenção (TDH). A experiência mobilizou não apenas os jovens na faixa etária entre 11 e 16 anos, mas sobretudo educadores e psicopedagogas ávidos pelos resultados de um projeto inusitado, que mexeu principalmente com o processo cognitivo dos participantes, ao desenvolveram suas capacidades intelectuais e emocionais durante a maratona.

Às vésperas de completar um ano de funcionamento no bairro de Mirassol, a Escola Luminova, que faz parte de uma franquia paulista e adota a aplicação de metodologias ativas no processo de aprendizagem, participou com 54 alunos de 11 a 15 anos, dos quais uma menina e um menino, ambos com 13 anos de idade, um com deficiência intelectual severa e outro com TDH, o chamado déficit de atenção.

Coordenadora Pedagógica da Escola Municipal Joana Alves de Lima, em Cajupiranga no município de Parnamirim, Natália Benigno, participou do hackaton educacional com uma parte dos 176 alunos matriculados no Ensino Fundamental 2, do 6º ao 9º ano, no turno vespertino. Segundo a pedagoga, a escola atende atualmente nove alunos especiais, com deficiências diversas. Contudo, só foi possível a participação na competição, apenas de uma estudante de 13 anos, deficiente auditiva, com implante coclear, um dispositivo implantável de alta complexidade tecnológica, que é utilizado para restaurar a função da audição nos pacientes portadores de deficiência auditiva profunda.

A gestora estadual do Programa Educação Empreendedora do Sebrae-RN, Conceição Moreno, destaca a importância de eventos como a maratona educacional realizada recentemente na sede do Sebrae, em Natal.

“É fantástico possibilitar a realização de ações que promovam o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, atividades colaborativas, inovadoras, que possibilitam a análise crítica, a capacidade de resolver problemas. Em suma, o desenvolvimento de competências empreendedoras”, afirma a analista técnica do Sebrae.

A psicopedagoga da Escola Luminova, Mirela Visiane Dantas Pinheiro, e a orientadora educacional, Pauliana Pereira, explicam que a metodologia da escola tem o aluno como centro da sua aprendizagem, dando a ele a oportunidade de ser protagonista e aprender vivenciando as problemáticas do seu dia a dia. Há na escola uma disciplina específica denominada Inspiração que retrata essa vivência, cuja solução deve ser buscada pelo próprio aluno.“A inclusão na Luminova é feita de forma humanizada, respeitando sempre o tempo de aprendizagem do aluno e suas especificidades”, explica Mirela Visiane.

Socialização e respeito às diferenças

Ao todo são oito alunos especiais matriculados na Escola Luminova e Mirela lembra que na escola não há registros de bullyng ou preconceitos entre os alunos, porque há um trabalho preventivo da área de psicologia, através de projetos voltados para trabalhar questões como empatia, respeito e solidariedade.

“A maratona educacional está dando aos nossos alunos a oportunidade vivenciar de forma bastante interativa, opinando e criando conforme a temática proposta”, avaliou Mirela. Segundo ela, há uma empatia muito grande entre os alunos, respeito às diferenças e combate ao bullyng escolar.

Neste evento pudemos observar a inclusão e o respeito mútuo de duas escolas com realidades tão diferentes. “Há uma permissão para convivermos com as diferenças. É respeitando as diferenças que nos tornamos iguais”, ensina.

Na opinião da orientadora educacional, Pauliana Pereira, o evento foi de vital importância, pois como a Escola Luminova utiliza a metodologia ativa, a maratona concretiza todo um trabalho que vem sendo realizado na instituição de ensino.

“Há a socialização com outras crianças de escolas públicas, que têm realidades diferentes, fazendo com que os alunos pensem cada vez mais fora da caixinha e fora da escola também”, brinca.

A pedagoga da Escola Municipal Joana Alves de Lima, Natália Benigno, destaca o papel da escola pública, principalmente, na formação e inclusão das crianças especiais, sobretudo quando participam de uma atividade extraclasse como a maratona educacional.

“Na realidade, quem é especial não quer ser especial, mas sim normal. E se sentir como os demais. E trazer uma aluna nossa para cá, contribui para que ela se sinta incluída e capaz de superar a deficiência auditiva. Ela é uma criança que não tem comprometimento neurológico e que é capaz de acompanhar os grupos e está apta a fazer qualquer atividade que ela quiser”, afirma a pedagoga, lembrando que há na escola municipal alunos muito mais dependentes, como os com déficit cognitivo e outros com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), sem condições de participar de eventos desse tipo.

Sobre a rotina do trabalho com os autistas matriculados na escola, Natália Benigno lamenta o fato de não haver na instituição de ensino um professor auxiliar que pudesse acompanhar esses alunos comprometidos pelo Transtorno do Espectro Autista, que é uma realidade de grande parte dos municípios que sequer abriram concursos para professores especialistas no atendimento aos alunos com deficiências. Há que haver uma política de saúde voltada para esses alunos especiais, de forma que sejam atendidos plenamente nas suas necessidades de acompanhamento no âmbito educacional.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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