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19 de Outubro de 2022

Cultura de avaliação no Brasil em processo de atualização

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Um cenário de muitas mudanças é observado no setor educacional. O contexto atual, impulsionado pela pandemia da Covid-19, colocou as escolas para refletirem sobre novas formas de estruturar o processo ensino-aprendizagem. Nele, a tecnologia surge como peça fundamental para a renovação dos modelos tradicionais, buscando tornar o ambiente escolar mais atrativo para os estudantes. A Qstione, edtech especializada em otimização pedagógica na educação básica e superior, não crê na extinção deste estágio, mas sim uma releitura e repaginação dessa metodologia, que até então funciona como meio de mensurar e qualificar o conhecimento adquirido.


Apesar desse crescimento e da modernização dos processos, a criação de uma cultura escolar eficiente exige uma nova mentalidade e uma nova postura dos educadores. Nesse sentido, há muitas barreiras para transpor e uma delas refere-se às avaliações realizadas no Brasil. Debater o futuro do sistema avaliativo torna-se ainda mais urgente por conta da implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), da adaptação do currículo escolar na pandemia e do novo Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).


“De modo geral, o cenário vem sendo marcado por avaliações engessadas ou pela ausência dessas etapas, o que é uma postura bastante radical e não recomendável. O ideal é que as instituições de ensino contem com opções de exames bem estruturadas, multifacetadas, com fundamentos contemporâneos, focando na assertividade, tendo objetivo claro na proposta para que o aluno tenha a possibilidade de ter um diagnóstico do seu processo de aprendizagem, recalculando rotas, quando necessário”, afirma Fabrício Garcia, professor e CEO da Qstione.


Em modelos de examinação, especialmente, são identificados diversos desafios de estruturação. Encontrar um sistema de testes diagnósticos, formativos e somativos e formas de aperfeiçoá-lo para formar estudantes mais preparados para os desafios deste século, têm se tornado um grande desafio.


Existem diversas questões sobre a construção do sistema de avaliações que precisam ser respondidas, tais como ‘Quais competências serão mensuradas?’, ‘O que dizem as provas internacionais e será que elas podem servir de referência?’, ‘Como formular um sistema de testes diagnósticos, formativos para preparar os estudantes para os desafios que se impõem no mundo do trabalho?’.


Limitações para modelos efetivos e alternativas


Mas para chegar ao modelo desejado, é preponderante identificar os erros que vêm sendo cometidos ao longo dos tempos. “O principal equívoco na avaliação dos estudantes passa pela concepção, ou seja, muitas instituições de ensino compreendem a prova como um fardo, processo no qual nem o professor nem o estudante saem satisfeitos. Quando na verdade, o ato de avaliar deveria ser o momento mais esperado do processo de ensino-aprendizagem, pois é justamente aí que há a tradução do empenho de ambos”, acrescenta Garcia.


Tratando-se dos principais obstáculos relacionados a esse debate, o primeiro deles é a ausência ou da falta de estruturação de um currículo, pois esse estágio começa pela definição e pelo delineamento pedagógico dos objetivos instrucionais, portanto, sem o descritivo de um “norte” para onde ir, não há o que ser avaliado.


Outro aspecto importante refere-se à capacitação dos professores. Muitos deles não estão preparados para os desafios pedagógicos exigidos nas salas de aulas e muito menos para a implementação adequada dos métodos classificativos dos estudantes.


A escolha do método de avaliação dos estudantes também deve entrar na pauta. Para cada modelo, há um tipo de coleta de dados e de informações, por isso a escolha deve considerar o que será levado em consideração. E também é preciso estruturar o formato, fazendo as devidas adequações.


Definitivamente, outra adversidade das provas reside no fato de elas serem esporádicas ou episódicas, retratando resultados isolados e deixando de lado a observação da evolução do conjunto de resultados do estudante. “Sem dúvida, o mais importante é identificar o quanto há de progresso, quais as lacunas de aprendizado em um recorte de período e análise de resultados isolados tem pouco significado pedagógico”, explica o CEO da Qstione.


E mais um ponto de atenção: a falta de articulação do processo avaliativo por parte das instituições de ensino. Em muitos casos, os exames dos estudantes não são articulados entre si, essa visão não holística e desconectada atrapalha o entendimento das reais dificuldades dos educandos. “Por todas as razões citadas, é preciso investir em sistemas de avaliação eficazes. Afinal, é preciso comprovar resultados educacionais para colocar a educação brasileira em um patamar desejado”, finaliza Garcia.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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