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25 de Agosto de 2023

Comitê concentra esforços para superar os principais gargalos da cajucultura potiguar

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Com uma produção de 147 mil toneladas de castanhas registrada em 2022, o setor da cajucultura passa por processo de retomada no crescimento da produtividade no Brasil. A aposta para a virada de jogo passa pela adoção de ações empreendidas em conjunto entre os principais atores da cadeia produtiva, que busca reverter antigos gargalos para elevar a produção e conquistar mercado. Esse é o caso do recém-criado Comitê Permanente da Cajucultura, que congrega representantes de diversos nichos inseridos na cadeia produtiva do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia, estados que concentram mais de 90% de toda a produção da castanha de caju do Brasil.

Reunido nesta quarta-feira (23), na Universidade Federal Rural do SemiÁrido (Ufersa), em Mossoró, o grupo discutiu demandas do setor e apontou soluções que serão apresentadas aos governos estaduais e federal. Entre os itens abordados na reunião, destaque para problemas como a baixa industrialização e o aumento nas importações de amêndoas por parte das grandes indústrias. Segundo o presidente da Câmara Técnica de Cajucultura do Rio Grande do Norte, Elano Ferreira, juntos, tais gargalos provocam um verdadeiro desequilíbrio no setor.

Reunião do Comitê de Cajucultura na Expofruit discute cenário do setor Fotos: Edilberto Barros.

“Se houvesse mais industrialização, a gente poderia aproveitar muito melhor a amêndoa, fazendo derivados, e também, uma série de outros produtos a partir do pendúculo, que hoje é quase todo desperdiçado. Além disso, temos que enfrentar a importação, que só cresce no país, e faz com que os preços praticados junto aos produtores aqui na ponta, desabem. Isso precisa mudar para seguirmos crescendo”, alerta Elano.

O diretor Técnico do Sebrae RN – instituição que possui assento no Comitê, João Hélio Cavalcanti Júnior, acredita que a atuação conjunta do grupo será estratégica para o fortalecimento da cajucultura. Para tanto, sugere medidas a serem adotadas a partir de agora em prol das mudanças necessárias para reverter o cenário negativo no setor. A reunião do Comitê contou com a participação do gestor do Projeto de Fruticultura do Sebrae-RN, Franco Marinho Ramos.

Diretor técnico do Sebrae-RN, João Hélio Cavalcanti, defende melhorias para o setor.

“Precisamos incluir e fomentar o desenvolvimento de derivados do caju, verificando a legislação vigente e questões de certificação. Também precisamos levar ao debate a possibilidade de taxação das amêndoas importadas, de modo que o produtor local tenha seu produto valorizado e preço justo, além de fortalecer as parcerias com as instituições de assistência técnica, para promover melhorias nos pomares. Vamos pleitear essas sugestões junto aos representantes dos governos e implementar as melhorias necessárias para o crescimento do setor”, defende.

Políticas governamentais

O chefe da Embrapa Agroindústria Tropical, Gustavo Saavedra, é taxativo. Para ele, “a maior dor” enfrentada pela cajucultura, atualmente, é a ausência de uma estratégia de industrialização. Segundo Saavedra, de nada adianta os produtores implementarem novas técnicas de manejo e melhoramento genético na cultura, se não há o compromisso por parte dos setores governamentais.

“O caju é uma fruta industrial. É a indústria que agrega valor, e nenhum setor está tão atrasado quanto a cajucultura nesse sentido. Nós vemos estratégia de energias renováveis, de políticas industriais voltadas para outros setores da agricultura, mas não há esse compromisso com a cajucultura, que emprega milhares de pessoas. Não existe uma política de estado no sentido de mudar essa realidade”, critica.

O consultor em cajucultura,

Consultor Vitor Hugo alerta para os riscos do surgimento de doenças em castanhas importadas da África

Vítor Hugo de Oliveira, compartilha pensamento semelhante ao defendido por Saavedra. Mas vai além ao alertar sobre outro prejuízo causado pela baixa implementação de políticas públicas voltadas à cajucultura por parte de órgãos governamentais. “Além de não haver incentivos à industrialização do setor no Brasil, ao permitirem a entrada cada vez mais crescente das castanhas vindas da África no país, as autoridades podem estar contribuindo para elevar o risco do surgimento de doenças comuns à cultura, como o oídio, a partir dos frutos que entram no nosso mercado. Isso é muito grave, pois implica diretamente na baixa produtividade”, ressalta.

Além do Sebrae, Embrapa e Câmara Técnica de Cajucultura do RN, o Comitê Permanente da Cajucultura conta com a participação do Instituto Caju Brasil (ICB) e de produtores dos estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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