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29 de Setembro de 2019

Campanhas de manipulação política online dobraram em apenas 3 anos

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Um estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, revelou que as campanhas de desinformação e manipulação política já acontecem em 70 países do mundo, um total que mais do que dobrou desde 2016. O Facebook continua sendo a plataforma preferida dos agentes de trabalhos desse tipo, com a criação de fake news e o compartilhamento em massa de conteúdo sendo as principais estratégias.

O Brasil aparece na lista, só que, além do Facebook, o WhatsApp também é citado como um meio amplo de disseminação de informações falsas por aqui. Nosso país é categorizado com o nível médio em campanhas de manipulação, com os trabalhos utilizando diferentes métodos e redes sociais a partir de empresas e influenciadores especializados em fins políticos e voltados justamente para tentar alterar resultados de eleições por meio da internet.

Essas pessoas atuam sob contratos temporários, aparecendo apenas nos períodos de grande necessidade política como as eleições ou para controle de convulsões sociais. O estudo chama atenção ao valor pago por tais esforços, com as empresas do setor chegando a fechar acordos de R$ 10 milhões a R$ 12 milhões para campanhas de manipulação contratadas por partidos políticos.

Tendo o Facebook e o WhatsApp como principais meios de disseminação, os métodos mais usados nas iniciativas focadas no Brasil são a criação e compartilhamento em massa de fake news, principalmente por meio de mensageiros instantâneos. A ideia é amplificar ao máximo o conteúdo antes que ele possa ser comprovado como falso, seja por meio de pessoas de influência contratadas para isso ou estratégias voltadas a dados, que direcionam os envios a grupos específicos de acordo com interesses.

De acordo com o estudo, houve um interesse maior por campanhas de desinformação depois das suspeitas de interferência russa na eleição presidencial de 2016 nos Estados Unidos. Em todos os países citados no estudo, os pesquisadores conseguiram encontrar pelo menos um político, partido ou organização praticando desinformação e tentando reverter resultados das urnas por meio da internet — só no Facebook foram 56 ocorrências.

O principal caminho desse tipo de iniciativa é a contratação de trolls ou empresas que gerenciam tais indivíduos, responsáveis pelo compartilhamento e confecção de informações falsas. Na hora de mandar a mensagem, entram em cena também os robôs, que ajudam nos esforços de disseminação em massa e grande foco nas redes sociais, que tentam banir contas e criar sistemas de segurança que parecem ineficazes para lidar com o problema.

As “tropas virtuais”, como são chamadas pelo estudo, também evoluíram de pequenos grupos organizados pela internet para empresas que vendem abertamente esse tipo de trabalho, mas disfarçado de marketing político. O Brasil se encaixa nessa categoria juntamente com países como Cuba, México, Reino Unidos, Turquia, Ucrânia, Filipinas, Guatemala e Catar, entre outros.

Ainda, foi considerado como alarmante o aumento de casos em que a manipulação política foi usada para atacar dissidentes, líderes contrários, jornalistas e outros representantes de causas humanitárias em países ditatoriais. Governos de nações como China, Bahrein, Azerbaijão, Zimbábue e Taijiquistão estão entre os citados como adeptos dessa prática, envolvendo até mesmo estudantes universitários e oficiais militares.

O estudo ainda cita que a maioria das campanhas de desinformação descobertas têm fins locais, mas pelo menos sete países realizaram trabalhos desse tipo focados para fora de suas fronteiras. China, Índia, Rússia, Venezuela e Irã estão entre os nomes, todos com o intuito de modificar a percepção internacional sobre políticas ou notícias internas, bem como alterar os rumos de democracias externas de acordo com o que seria mais vantajoso para eles.

Os pesquisadores de Oxford ainda fazem um alerta às autoridades e gerentes de redes sociais, com o estudo deixando claro que as políticas públicas e as medidas de moderação não estão funcionando. E com a aproximação de mais uma campanha eleitoral nos EUA, bem como pleitos semelhantes no restante do mundo, o tempo urge, mas a desinformação, mais uma vez, parece prestes a vencer essa batalha.

Fonte: Canaltech, disponível em: https://canaltech.com.br/redes-sociais/campanhas-de-manipulacao-politica-online-dobraram-em-apenas-3-anos-150913/

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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