Novidades sobre comunicação, educação, empreendedorismo, tecnologia, inovação e muito mais.

10 de Setembro de 2022

Brasileiros gastam R$ 208 bilhões com moda: por que esse é um mercado que vende tanto?

[0] Comentários | Deixe seu comentário.

Em entrevista ao canal CNN Brasil, Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento do setor de vestuário deverá ser de R$ 208 bilhões, uma média de R$17 bilhões por mês. Ou seja: a moda é um setor que vende, que movimenta a economia! 

A variedade e facilidade de acesso a diferentes peças de roupas femininas que movimentam o mercado dão a ideia de que a moda sempre foi um setor democrático, mas nem sempre foi assim. A história da moda é o resultado de diversas mudanças sociais, culturais e comportamentais, usadas como combustível para impulsionar diferentes revoluções no mundo da moda.

Graças a essas revoluções, a mulher moderna não só ganhou autonomia e liberdade para vestir e ser o que quiser, mas também se tornou mais confiante para enfrentar os preconceitos e desafios do mundo contemporâneo.

Por isso, conhecer a evolução e as revoluções da moda é essencial para aprender a usá-la a seu favor, reforçar sua imagem pessoal e entender o dinamismo do mundo moderno.

A evolução da moda e sua influência na sociedade

Embora o uso de roupas e acessórios não seja uma novidade na história da humanidade, a criação e evolução da moda foi lenta. O termo vem do francês mode e indica um hábito ou costume, geralmente associado ao vestuário, adotado pela maior parte das pessoas durante um período de tempo.

Esse conceito começou a ser construído apenas em meados do século XV, durante o período do renascimento europeu. 

Na época, além das vestimentas com tecidos luxuosos e repletas de bordados e ornamentos, burgueses e aristocratas também utilizavam joias, como colar feminino, anéis e pulseiras, para se destacar e se diferenciar socialmente dos demais.

Depois disso, a identificação da classe social a partir da riqueza dos looks continuou em vigor durante a Idade Média. Na época, foram criadas até mesmo leis para restringir o uso de certas cores e tecidos apenas às pessoas que pertenciam à nobreza.

A classe pobre e trabalhadora só começou a ter acesso à moda somente depois da Revolução Industrial no Século XVIII, graças à invenção das máquinas de costura e da redução dos preços dos tecidos.

Somente a partir da evolução das tecnologias de produção, popularização das mídias e aumento da renda da população, as mudanças da moda ocorreram de modo mais rápido.

Por isso, nos últimos 100 anos, a moda deixou de ser apenas um modo de se destacar socialmente e se tornou uma ferramenta poderosa para se comunicar e aumentar a autoestima.

Como disse o famoso estilista Yves Saint Laurent, a moda não serve para deixar as mulheres mais bonitas, mas também para deixá-las mais confiantes. Por isso, se preocupar com moda e encontrar seu estilo não é algo superficial.

Na verdade, montar looks, escolher acessórios como bolsas, brincos e até um colar feminino, é uma forma de autocuidado e de expressão pessoal e social.

5 inovações da moda que mudaram o mundo

As principais mudanças que influenciaram na moda e estilo de vida conhecidos hoje ocorreram no último século.

Graças a estilistas inovadores e a pressão de mulheres por mudanças sociais e culturais, é possível pelo menos cinco grandes revoluções que não só mudaram a história da moda, mas também moldaram a vida da mulher moderna.

Conheça essas revoluções abaixo!

1- A emancipação das calças femininas


Registro de garotas com roupas festivas tradicionais na província turca de Balıkesir realizado entre 1925-1950. Foto/reprodução:Pinterest

Embora muita gente associe a criação das calças femininas à estilista Coco Chanel, a história mostra que essa peça básica do atual guarda-roupa feminina é bem mais antiga.

Na verdade, as mulheres muçulmanas do Império Turco-otomano foram as primeiras a usar calças no seu dia a dia para tornar as viagens mais confortáveis, já que os turcos costumavam se deslocar por longas distâncias.

Suas calças eram amplas e folgadas, lembrando uma saia, mas com toda a mobilidade que só a calça é capaz de oferecer.

Inspirada nas mulheres turcas, ativistas e mulheres influentes no ocidente tentaram inserir a calça no guarda-roupa feminino, usando a peça em conjunto com saias e vestidos.

O problema é que as sociedades ocidentais da época, tradicionais e cristãs, associaram a calça à heresia e até a um hábito que colocava em risco a fertilidade da mulher.

Esse cenário só começou a mudar no início do século XX, quando as mulheres foram autorizadas a usar calças para andar de bicicleta, jogar tênis ou fazer outra atividade esportiva.

Foi nesse contexto que a estilista Coco Chanel resolveu desenhar a primeira calça feminina, iniciando o movimento de popularização da peça que teve seu auge apenas durante a Segunda Guerra Mundial.

Na época da guerra, as mulheres foram obrigadas a usar calças e macacões de diferentes tecidos para trabalhar nas fábricas, já que os homens foram enviados para a guerra.

Depois disso, a calça feminina tornou-se uma roupa básica e versátil, que pode ser tanto utilizada para o trabalho, quanto para o lazer.

Por isso, quando você olhar para uma calça feminina, lembre-se que ela é resultado de um processo de luta pela igualdade de gênero, liberdade e conforto da mulher.

2- A criação do biquíni


Micheline Bernardini usando o primeiro biquíni, em 1946. Foto/reprodução:Pinterest

A criação do biquíni foi outro evento que abalou não só o mundo da moda, mas também os alicerces da sociedade. O conjunto composto por duas peças que se tornaram ícone da moda praia foi criado por Louis Réard e foi apresentado ao público apenas em 1946.

Na época, Réard convidou a dançarina Micheline Bernardini para estrear sua criação numa piscina pública de Paris.

Ela foi a única que aceitou participar desse lançamento considerado escandaloso, já que as mulheres não costumavam deixar o umbigo à mostra, atitude até então vista como vulgar.

Mas Réard já esperava essa reação. Por isso, o conjunto foi batizado em homenagem à Ilha Bikini, localizada nos Estados Unidos. Essa ilha era usada para testes nucleares e, de acordo com o estilista, sua invenção também era explosiva.

Como ele imaginava, sua criação logo ganhou manchetes de jornais de todo o mundo e, aos poucos, começou a ser usada não só para ressaltar a beleza feminina, mas também para reforçar a liberdade das mulheres em relação ao próprio corpo.

Hoje, países nos quais a luta pela igualdade de gênero está mais avançada geralmente são abertos ao uso dos biquínis.

Por outro lado, países que ainda mantém uma sociedade mais fechada em relação aos direitos das mulheres geralmente proíbem o uso dessas peças típicas da moda praia.

Ou seja, mais do que peças usadas no verão, a aceitação e o respeito às mulheres que usam biquíni também sinalizam o tipo de sociedade na qual ela está inserida.

3- A influência do New Look no pós-guerra


Look da coleção de alta-costura criada por Christian Dior para o verão de 1947.Foto/reprodução:Pinterest

Enquanto a Segunda Guerra marcou o mundo da moda pela ascensão da calça feminina, pelos uniformes e visual austero, o pós-guerra resgatou tecidos mais delicados e silhuetas bem marcadas.

Essa mudança foi idealizada pelo famoso estilista Christian Dior, que se consagrou como uma das figuras mais importantes do mundo da moda após lançar o estilo “New Look” em 1947.

O termo ficou famoso em função da editora de moda norte-americana Carmel Snow, que ao assistir o primeiro desfile do estilista exclamou “wow, this is a new look!” (uau, isso é um novo visual).

Na época, o estilista chamou a atenção por desenhar as chamadas “mulheres em flor”, já que as modelos eram vestidas de peças com cintura bem marcada, ombros suaves, busto natural e saias midi amplas e rodadas.

O novo visual idealizado por Dior fazia referência à Belle Époque dos anos 1880, ressaltando a silhueta feminina. Ao mesmo tempo, os tecidos, a estrutura e o tamanho das roupas do New Look eram bem mais leves e modernos, ideais para a mulher elegante contemporânea.

O estilo fez tanto sucesso que ainda hoje é considerado símbolo de elegância e feminilidade, valores ainda associados à marca fundada por Christian Dior.

4- O comprimento da minissaia


Mulheres fazem protesto em frente à loja da Dior, em 1966. Foto/reprodução:Pinterest

Enquanto Dior mudava o mundo com o estilo New Look, outra transformação estava em curso, dessa vez protagonizada pela famosa minissaia. Embora sua origem seja incerta, a criação da peça é associada à estilista britânica Mary Quant, que começou a experimentar o comprimento mini em 1958.

Mas a minissaia só começou a fazer sucesso mesmo na década seguinte, quando a peça ganhou um visual mais ousado e virou febre entre as jovens londrinas. Na época, a minissaia se tornou um símbolo de libertação e rebeldia contra as gerações mais conservadoras, que abominavam a peça.

Como seu conceito é bem diferente do estilo “New Look” criado por Dior, alguns grupos chegaram a organizar protestos contra a marca de luxo cuja coleção fazia referência a uma época que, para muitas mulheres, deveria ser abandonada.

Com o passar do tempo, a minissaia conseguiu superar barreiras culturais e comportamentais muito maiores do que seu comprimento, conquistando seu lugar no guarda-roupa feminino.

5- A transformação do smoking feminino


Le smoking, coleção de alta costura outono-inverno, Yves Saint Laurent, 1966. Foto/reprodução:Pinterest

O smoking feminino foi outra criação que não só mudou a história, mas também a carreira de um estilista. Criado pelo estilista francês Yves Saint Laurent em 1966, o “Le Smoking” ou terno feminino abalou o mundo da moda por transgredir a barreira existente entre homens e mulheres.

Inspirado no smoking masculino, o “Le Smoking” se tornou símbolo da emancipação feminina, desafiando o conceito de feminilidade ocidental. Para isso, o smoking para mulheres foi apresentado pela primeira vez numa coleção de alta-costura, junto com uma blusa transparente e uma calça masculina.

A versatilidade e conforto proporcionado por essa combinação contrastava com tudo que havia sido lançado até então, revolucionando o mundo da moda. Pouco depois, o smoking ganhou as ruas e se tornou uma peça básica para mulheres que querem demonstrar poder, confiança e liberdade.

O que você pode aprender com as revoluções da moda?

Embora tida como algo superficial por muitas pessoas, a moda é um retrato das mudanças culturais e comportamentais da nossa sociedade. Não por acaso, todas as revoluções do setor estão associadas a algum evento histórico e com as necessidades das mulheres de serem mais autônomas, livres para fazer suas escolhas.

Com isso, roupas e acessórios se tornam ferramentas poderosas de comunicação. Por isso, toda vez que você for escolher um look, lembre-se: Roupas e acessórios devem mostrar para o mundo quem você é, externalizando suas convicções e mudanças internas. Ouse! 

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

+ Leia mais

Categorias