09 de Outubro de 2024
Bordado labirinto, feito por artesãs potiguares, é destaque no Midway Fashion Days
[0] Comentários | Deixe seu comentário.A nova coleção de acessórios, desenvolvida a partir do tradicional bordado labirinto do Reduto, foi destaque nesta terça-feira (08) no Midway Fashion Days. A coleção foi produzida por artesãs da Comunidade do Reduto, localizada no município de São Miguel do Gostoso/RN, onde o bordado tornou-se um valioso legado cultural transmitido por gerações. O evento é gratuito e segue até a quinta- feira (10) na praça central do shopping Midway Mall, no piso L1, sempre a partir das 17h.
O Fashion Days é um dos mais importantes eventos de moda do estado e tradicionalmente expõe o trabalho de grandes marcas nacionais. Porém, através de uma parceria com o SEBRAE, neste ano o evento dedicou um dia especial à valorização de marcas autorais, colaborações com o artesanato local e práticas de moda sustentável, como a participação de marcas da região do Seridó e do Litoral Norte potiguar, como é o caso da pequena comunidade do Reduto.
A coleção “Meu Reduto” desfilada nessa terça, junto com as roupas da marca Villa Dharma, é resultado da parceria entre o projeto Faces do Reduto, SEBRAE e Instituto Riachuelo. A mais recente colaboração com o designer Iure Dantas resultou em uma nova linha de acessórios femininos, produzida pelas talentosas mestras labirinteiras Dona Mariquinha e Robéria Menezes, que foi apresentada ao público pela primeira vez nas passarelas de um evento de moda, em parceria com a marca Villa Dharma, que prega uma moda consciente e regenerativa feita de plantas e cores naturais.
A coleção chamada “Meu Reduto” foi composta por 11 conjuntos de colares e brincos, tramadas pelas mãos das labirinteiras com design exclusivo. Segundo o designer Iure Dantas, após uma pesquisa acerca dos elementos iconográficos e cores que caracterizam o distrito do Reduto, foram desenvolvidos junto às artesãs novos gráficos que foram rendados no labirinto e retratam cajus, as ondas do mar, a textura da areia, dentre outros elementos típicos daquele local. “A renda foi aplicada a colares e brincos cheios de graça e delicadeza que transportam uma parte do que é a comunidade do Reduto junto com eles”, explica Iure.
Reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Norte no último mês de setembro, o labirinto é uma importante fonte de renda para as mulheres da comunidade do Reduto, além de uma forma única e valiosa de expressão artística e cultural. Através de iniciativas como o Fashion Days, as labirinteiras ganham mais visibilidade, e seus trabalhos passam a ser reconhecidos não apenas pela sua beleza estética, mas também pelo valor cultural que carregam. “É maravilhoso ver o trabalho ser reconhecido num evento tão importante como esse”, destaca Robéria, uma das autoras da coleção e supervisora local do projeto Faces do Reduto.
Faces do Reduto
O projeto Faces do Reduto, realizado pela Green Point desde 2020, tem o objetivo de preservar e promover os saberes ancestrais da comunidade, e fortalecer a geração de renda local. Um dos principais focos do projeto tem sido a realização de consultorias para colaborar com a profissionalização de diversos segmentos e a geração de renda para a comunidade, com destaque para o bordado labirinto.
A iniciativa tem desempenhado um papel importante na preservação e promoção do bordado labirinto. Em parceria com a deputada Divaneide Basílio, o projeto ajudou a garantir o reconhecimento do bordado como patrimônio cultural imaterial do RN. Também realizou exposições em espaços como a Casa da Ribeira, em Natal e na Galeria Sol da Meia Noite, em São Miguel do Gostoso, além de produzir um curta-documentário, o Rosa de Aroeira, que já foi exibido em mais de 40 festivais no Brasil e no exterior que contribuem com a promoção e visibilidade do bordado.
Atualmente o Faces do Reduto conta com o patrocínio do Governo do Estado e do Instituto Neoenergia, por meio do Programa Câmara Cascudo de Incentivo à Cultura, além do apoio do Sebrae/RN e do Instituto Riachuelo. E prepara uma exposição imersiva que, segundo a coordenadora do projeto, Mônica Mac Dowell, "destaca o valor cultural e artístico do labirinto, reforçando o compromisso do projeto em unir a preservação das tradições com a inovação, ao mesmo tempo em que fortalece a identidade cultural e econômica da comunidade”.