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06 de Maio de 2023

[ARTIGO] Invista com inteligência e fuja da poupança

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Por Fabio Louzada*

O calcanhar de Aquiles do investidor leigo brasileiro é a caderneta de poupança. É algo cultural, historicamente foi o método de poupar dinheiro mais difundido no Brasil graças ao empurrão dado pela publicidade dos bancos. Para eles, sim, a poupança é um ótimo negócio. 

O dinheiro aplicado pelos correntistas é um fundo para os bancos, é da poupança que vem boa parte do dinheiro usado nos empréstimos e financiamentos imobiliários.

Um fator que justifica a fixação do brasileiro pela boa e velha caderneta é a tríade liquidez, segurança e retorno. A poupança dá liquidez e segurança ao investidor, o problema é que não dá retorno. Mesmo com a Selic a 13,75%, a poupança rende pouco se comparada a investimentos conservadores.

Existe também um ponto polêmico que é o ranço do brasileiro com imposto. Boa parte da população prefere ganhar menos a ter que pagar tributos. Explicando em miúdos, o brasileiro prefere ganhar R$ 10 do que ganhar R$ 50 e ter que pagar R$ 20 para o governo. Essa, de certa forma, é a lógica de quem prefere a poupança - isenta de imposto de renda.

A implicância com imposto é tão grande que quando um especialista sugere ao cliente a migração da poupança para um investimento, a primeira pergunta é: “Tem alguma coisa sem cobrança de imposto?”. Bem, existe a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), porém, ambas têm um período de carência – normalmente a partir de 90 dias - que pega muito investidor mal-informado desprevenido. A realidade é que não existe hoje um produto com liquidez diária e rentabilidade próxima de juros sem imposto de renda. 

O caminho natural para quem está saindo da poupança é o Tesouro Selic, com liquidez D+1 (de até um dia útil após a solicitação de resgate). Também são alternativas conservadoras o CDB pós-fixado, fundos de renda fixa referenciados DI e a própria LCI ou LCA (para quem consegue se organizar quanto à carência). Em qualquer um deles, o investidor tem segurança e um retorno mais interessante do que na poupança. Quanto ao resgate, basta se programar.

No curto prazo, a diferença é muito pouca se você comparar estes investimentos. Todos têm 22,5% de imposto de renda sobre o lucro obtido no prazo de até seis meses. Para quem sai da poupança e começa a aplicar dinheiro em investimentos conservadores, a diferença é mais perceptível no longo prazo. No site www.tesourodireto.com.br, o investidor pode acessar um simulador em que compara quanto renderia o seu dinheiro aplicado na poupança versus aplicado no Tesouro Direto. Vale a pena conferir! 

Existe também, por parte do correntista, o medo de ter algum produto de investimento sendo “empurrado” para ele no banco. A insegurança é tamanha que, geralmente, ele evita o assunto com o gerente e mesmo quando recebe uma oferta de aplicações mais rentáveis, prefere ignorar. Pela autonomia que o correntista tem para depositar e sacar dinheiro da poupança, sem intermediários, ele prefere continuar fiel à caderneta - mesmo que isso signifique sacrificar bons rendimentos.

Mitos da poupança 

Mito 1: Outros investimentos são mais complicados

Existem diversas opções de produtos financeiros no mercado, por isso é importante estudar para identificar quais investimentos melhor atendem o seu perfil.

Para os leigos, o ideal é contar com o suporte de um especialista em investimentos, que é o profissional certo para dar orientações na área e descomplicar o processo. 

Mito 2: Para quem tem pouco dinheiro, o melhor é aplicar na poupança 

Negativo. Muita gente pensa que não vale a pena investir pouco dinheiro. Escolhe aplicar na poupança para acumular um patrimônio mais robusto e só depois entrar na rota dos investimentos. Eis um grande equívoco!

Lembra dos juros compostos? Graças a eles o tempo e a taxa de juros importam mais que o valor dos aportes. Investindo pequenos valores de forma sistemática durante muitos anos, maior será o montante acumulado e, com os juros rendendo sobre juros através do tempo, maior será o rendimento. 

Mito 3: Só a poupança permite o saque em emergências

Imprevistos acontecem. Por isso, ter uma reserva de emergência é essencial dentro de um planejamento financeiro. A boa notícia é que existem alternativas, além da poupança, para guardar o seu dinheiro e resgatá-lo quando necessário. 

São diversas as opções de investimentos com liquidez diária, que permitem ao investidor sacar o dinheiro no mesmo dia ou no dia seguinte. Títulos do Tesouro Direto, fundos DI de liquidez diária e produtos de renda fixa são boas alternativas.

Mito 4: Instituições financeiras não são confiáveis 

Volta e meia surgem histórias de algum conhecido que fez um investimento por conta própria e perdeu o dinheiro. Ou de alguém que fez um mau negócio aplicando dinheiro em um fundo sem qualquer fundamentação e saiu no prejuízo. 

São situações que afetam a credibilidade das instituições financeiras, mas que podem ser evitadas caso o investidor leigo busque o auxílio de um especialista em investimentos. O especialista, após analisar o perfil e os objetivos do investidor, saberá indicar qual investimento 

é mais aderente a sua realidade. Procure por profissionais certificados e não deixe o medo afetar a sua jornada. 

*Fabio Louzada é economista, analista CNPI e fundador e CEO da escola Eu me banco, que capacita e forma profissionais para atuação na área de investimentos. Possui graduação em Gestão Financeira pela FGV, pós-graduação em Finanças, Investimentos e Banking e em Liderança, Inovação e Gestão pela PUC-RS. Foi membro da Comissão de Educação da Planejar - Associação Brasileira de Planejadores Financeiros e Industry Mentor do CFA Society. Louzada tornou-se o profissional com o maior número de certificações nacionais em investimentos com menos de 30 anos. Entre outros selos, é planejador financeiro CFP®️, gestor de investimentos CGA e analista de investimentos CNPI. Além disso, no cenário internacional, é Candidato CFA Level II. Durante 11 anos, foi assessor de investimentos nas principais instituições do país na área de alta renda, com passagens pelo Bradesco Prime, Santander Select, Citigold e Itaú Personnalité. Em janeiro de 2022, lançou no Brasil e em Portugal o livro "Manual do investidor leigo - Conheça as regras do jogo pelo olhar de um especialista", publicado pela Lisbon Press.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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