Novidades sobre comunicação, educação, empreendedorismo, tecnologia, inovação e muito mais.

14 de Dezembro de 2022

Artesãos aprendem a valorizar peças com técnicas fotográficas com foco nas vendas

[0] Comentários | Deixe seu comentário.

Muita habilidade com as mãos, mas pouco domínio das novas tecnologias. Essa ainda é uma realidade para grande parte dos artesãos, que detêm o domínio completo de manualidades ancestrais e muitas vezes pecam na hora de fotografar as peças para expô-las nas redes sociais. O artesão Wellington Magno, conhecido em São Gonçalo do Amarante como ‘Pequeno’, era um dos que lidavam com esse entrave. Há 17 anos, trabalha com a mão na argila e a moldando até ganhar formas vistosas, em vasos e outros utensílios. Porém, até então, não entendia o porquê de as postagens das peças não terem grande repercussão nem gerarem o engajamento desejado.

“Nunca liguei muito para bater uma foto legal ou fazer aqueles videozinhos. Após aprender a técnica, fiz uma foto de um vaso meu, revestido de palha, e postei na rede social. Teve uma repercussão de imediato. Nunca havia acontecido isso”, revela Wellignton Magno.

As técnicas de ambientar a peça e levar um conceito para a fotografia, com luz e enquadramento ideais, podem significar agregar valor ao produto artesanal e, sobretudo, aumentar as vendas pela internet. O feito obtido por Wellington Magno só foi possível após participar de curso de criação de fotos e vídeos profissionais com smartphone.


A capacitação foi o oferecida gratuitamente a 30 artesãos, sendo metade de São Gonçalo do Amarante e a outra metade, bordadeiras do Seridó, resultado de uma parceria entre o Sebrae no Rio Grande do Norte, Instituto Riachuelo e Smartverso.co, uma academia de São Paulo que oferta cursos para produção de conteúdos smart. A capacitação direcionada especificamente para esses artesãos ocorreu em Caicó, no dia 7, e em Natal, na última segunda-feira (12). Durante as atividades práticas, os artesãos aprenderam mais sobre como capturar imagens com conceito artístico, técnicas de iluminação foco e enquadramento, além de entender a importância da decupagem, edição e finalização da fotografia ou vídeo.

A ideia inicial da estruturação das oficinas foi da publicitária Leila Oliveira, diretora da produtora Histórias Visuais, que, ao conhecer de perto o trabalho das bordadeiras do Seridó, logo identificou deficiência na divulgação das peças em redes, como Instagram. “Passamos algumas semanas na região e eu fiquei encantada com trabalho manual que elas [as bordadeiras] fazem com tanta arte e me perguntava como vendiam as peças. Ao verificar as redes sociais delas, vi que aquela foto ou aquele vídeo não valorizava tanto o produto desenvolvido”. Da percepção, surgiu a proposta de ensaiar as técnicas para 15 bordadeiras do Seridó e também para 15 artesãos da região metropolitana de Natal, ideia prontamente assentida pelo Sebrae e o Instituto Riachuelo, que já desenvolvem uma atuação conjunta com esses grupos produtivos.

Um olhar para vendas

A Smartverso é uma academia de ensino, que fica localizada em São Paulo, e busca profissionalizar as pessoas a melhorarem a produção de foto e vídeo com smartphone. “Todos os nossos cursos são presenciais justamente para ter essa dinâmica da prática, que é uma das partes do cronograma. Assim, os alunos já praticarem com aquilo que trabalham. Nas oficinas realizadas no Rio Grande do Norte, usamos a mesma metodologia que ministramos em São Paulo, usando o próprio local como ambiente para exercitar a fotografia na prática”, explica Leila Oliveira.


Juntamente com dois outros instrutores, a publicitária ensinou os participantes a apurar o olhar e usar tecnologias presentes no smartphone para capturar as imagens. “Mostramos como é possível criar ou buscar novos cenários para produção de uma foto ou uma produção de um vídeo antes de simplesmente postar. Não basta apenas abrir a câmera, mas pensar num conceito de como aquele produto vai ser fotografado, pensando na luz e na coloração, assim como no enquadramento. As linhas de grades são ferramentas que estão ali na câmera e ajudam no enquadramento para o foco no produto”, ensina.

Imagem com mais valor

O armazenamento das fotos é outro item a ser considerado. Organizar as fotos em pastas para cada tipo de peça é uma estratégia para eliminar as que não serão utilizadas e aliviar espaço na memória do celular. Leila Oliveira explica que é importante fotografar inserindo a peça no contexto em que o cliente vai usá-la.

“As imagens são fundamentais na hora da venda digital. É possível passar um sentimento através da fotografia e dar uma dinâmica por meio do vídeo. Se isso for aplicado aos produtos artesanais, uma imagem pode se converter em venda concreta”, diz Leila Oliveira.

Para a coordenadora de projetos do Instituto Riachuelo, Renata Fonseca, a capacitação teve como objetivo final estimular os artesãos a agregar valor ao que é confeccionado e apresentado aos potenciais clientes no ambiente virtual. “Idealizamos essa capacitação gratuita para esses artesãos, pois desejamos que o mercado possa valorizar ainda mais o produto deles. São peças incríveis, trabalhos lindíssimos, que muitas vezes não são bem apresentados. Com a técnica da história visual, eles, com apenas um simples celular, podem potencializar seus produtos fazendo com que agregue valor às mercadorias confeccionadas”, conclui Renata, elogiando o êxito da parceria com o Sebrae, que apoia grupos de artesãos inseridos no contexto da economia criativa.

Fotos: Divulgação Pref. S. Gonçalo do Amarante

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

+ Leia mais

Categorias