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13 de Novembro de 2018

Analfabetismo funcional no Brasil é obstáculo para educação midiática, mostra pesquisa

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Três entre cada dez brasileiros são considerados analfabetos funcionais, diz nova edição do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf), pesquisa idealizada em parceria entre o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa e realizada com o apoio do IBOPE Inteligência. No entanto, de acordo com o estudo, em matéria divulgada pela ANJ, mesmo com suas dificuldades – limitação para ler, interpretar textos, identificar ironia e fazer operações matemáticas em situações da vida cotidiana – esse grupo é usuário frequente das redes sociais.

Entre eles, 86% usam WhatsApp, 72% são adeptos do Facebook e 31% têm conta no Instagram. Os dados revelam o tamanho do desafio existente no país no que diz respeito a uma das principais frentes contra desinformação e ódio na internet, que subiram em assustadores percentuais no segundo turno da eleição deste ano, segundo a BBC News Brasil: a alfabetização midiática. 

De acordo com a matéria, um dos reflexos do baixo nível de alfabetismo no contexto digital é que essas pessoas ficam mais vulneráveis à desinformação, especialmente memes, imagens manipuladas e usadas em contexto falso, diz Christine Nyirjesy Bragale, vice-presidente de comunicação do The News Literacy Project, entrevistada pela BBC News B rasil. "Obviamente elas têm uma capacidade limitada para checar através de pesquisa e leituras paralelas, e seu acesso a jornalismo impresso de qualidade é limitado", explica Christine.

A especialista norte-americana afirma que, para superar o problema, o primeiro passo é garantir que as pessoas, independentemente de seus níveis de leitura, compreendam que a desinformação pode vir por diferentes canais, incluindo imagens manipuladas e vídeo e se espalhar rapidamente. "Só essa consciência já é um começo para combater a desinformação e diminuir a sua propagação."

Pollyana Ferrari, jornalista, pesquisadora de mídias digitais e professora da PUC-SP, diz acreditar que o trabalho de conscientização só virá com o amadurecimento do uso das redes sociais, que ainda é recente no Brasil (14 anos), além de educação. Ela cita o caso de Portugal, que oferece aulas de letramento em mídias digitais nas escolas de educação básica desde os anos 90.

"A pessoa não vai deixar de ver um vídeo e compartilhar, o brasileiro acredita muito no grupo do WhatsApp da família, seja para o bem ou para o mal. As pessoas têm direito de ter um celular, pode ter mais risco de cair em golpes e receber vírus, mas vai aprender usando. Mas não há o que fazer, a responsabilidade é dos governos, das empresas, de treinar, formar, o trabalho é coletivo e de 'formiguinha'."

A professora lembra que, até pela dificuldade de interpretação de texto, as mensagens falsas se propagam mais por mensagens em áudio. "Muita gente acredita nas 'fakes news' porque não tem bagagem, não tem senso crítico, quando há uma escolaridade precária, a pessoa fica muito mais manipulável."

No WhatsApp, segundo o Inaf, as chances de proliferação de desinformação são realmente maiores. Além do fato de que há maior nível de confiança entre participantes de grupos (amigos, familiares etc), gratuidade e de certo anonimato, quase não há diferença de uso entre os grupos divididos por nível de alfabetização. Enquanto 92% dos analfabetos funcionais enviam mensagens escritas, o índice é de 99% entre os alfabetizados; 84% dos analfabetos funcionais compartilham textos que outros usuários enviaram, já 82% dos alfabetizados fazem isso.

Foto/pixabay. Fonte: ANJ, disponível em: https://www.anj.org.br/site/component/k2/73-jornal-anj-online/14384-analfabetismo-funcional-no-brasil-e-obstaculo-para-educacao-midiatica-peca-importante-no-combate-a-desinformacao-e-odio-nas-redes-sociais.html

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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