26 de Outubro de 2018
Jornada de Psicologia e Psicanálise discute impacto de notícias eleitorais nas crianças
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O mundo dos adultos não passa alheio às crianças. Doenças e transtornos como depressão, TDHA dentre outros têm chegado cada vez mais nos consultórios. Mas, e quando os tempos são conturbados e a disseminação de ódio e polarização de ideias políticas assolam o país. Será que isso também afeta as crianças? Acontecerá nessa sexta-feira e sábado em Natal a 2ª Jornada de Psicologia e Psicanálise, promovida pela instituição Percurso Livre em Psicanálise (PLP).
O evento tem como tema central “A História da Clínica com Criança – e A história da Clínica” e vai contar com uma das maiores pesquisadoras no país da clínica com criança, a pós-doutora em Psicanálise pela UERJ, Adela Stoppel de Gueller, que é argentina, radicada no Brasil há muitos anos. Além dela, a psicóloga Julita Sena e os psicanalistas Luis Ricardo Mesquita e Ana Yara Monteiro também farão palestras e mesas redondas.
O evento ocorrerá no Auditório do Harmony Center, em Petrópolis, com abertura nessa sexta-feira (26), a partir das 18h e seguirá no sábado (27), das 8h às 19h, no mesmo local.
Podem participar do evento, psicólogos, psicanalistas, psiquiatras, pedagogos, psicopedagogos, terapeutas, psicomotricistas, historiadores, filósofos e pessoas afins. As inscrições podem ser feitas através do site www.percursoempsicanalise.com.br.
Indagado sobre se a situação política do país pode afetar o psiquismo das crianças, o psicólogo e psicanalista, um dos fundadores do PLP, Pedro von Sohsten, acredita que essa crise extrapola o cenário político e também “contamina” a família.
“Os discursos que ora são lançados em redes sociais, em debates entre pares, com amigos, com pessoas que se põe em oposição, também afetam as crianças que nos rodeiam. Penso na situação ilustrativa na qual, ao escutar a conversa de seus pais sobre as ondas de violência, e até assassinatos, mobilizadas pelos discursos extremistas deste momento político, e ao escutar seus pais falando sobre uma pessoa que havia sido morta por tal cenário, a criança vira para o pai e questiona: ‘pai, mas não vão me matar não, né?’, lembra ele.
De maneira que é possível pensar que tais entraves com a realidade política, da qual a criança ainda está distante de entender a complexidade, já a impõe elaborações com questões muito significativas, como o limite da vida, com a finitude da existência, com a violência do outro, com a morte.
“Mas, a psicanálise se atêm à compreensão de que só é possível pensar os efeitos de marcas subjetivas, no porvir, num tempo outro, no qual as constituições da infância servirão de base para manifestações do futuro humano. Como este tempo político conturbado afetará nossas crianças? Teremos que esperar este a posteriori, que desejo, que manifeste valores mais humanos”, afirma Sohsten.